segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Ele Escolheu...




Em vez de destruir o mal com o seu poder...
... e vangloriar-se de sua Soberania e onipotência.
Em vez de Reinar sozinho, longe da raça humana...
...e não ter conhecimento do que a sua criação se tornou.
Em vez de criar outro mundo habitável...
...e criar novos seres humanos conforme sua Vontade.
Em vez de manter a raça humana presa, gastada em si mesma, entregue as suas devassidões...
...e esperar o fim de cada um em sua majestosa mansão celestial.
Em vez de controlar a história e a conduta humana...
...e assim, livrar o ser humano de muitas encrencas, deixa-os partir.
Em vez de optar por usurpação em ser Deus...
Em vez de livrar seu corpo dos maltratos...
Em vez de vestir de majestade...
Em vez de poupar sua fronte de uma coroa de espinhos...
Em vez de deixar de ouvir gritos blasfemos...
Em vez de poupar-se de ser chamado de Belzebu...
Em vez de recusar a dor...
Em vez de rejeitar um julgamento injusto...
Em vez de decidir não levar uma cruz...
Em vez de continuar sendo Verbo de Deus...

Em vez...

Em...

E...

Natal.





sexta-feira, 20 de julho de 2018

4.4 - Confissões.







"...nem tudo que sou é meu"

                                     (Fábio de Melo)

Chego aos 44 anos com a certeza de que aprendi muito, mas o mais difícil, é transformar esse muito que aprendi, em saber (Sapientia). Já não me iludo com letras e quantidades, as palavras que ficam em mim são aquelas que eu as interiorizo, meditando-as, bebendo-as feito água. Descobri que a beleza que encanta, não enche apenas os olhos, mas traz suavidade aos ouvidos e isso não se aprende na faculdade das palavras superficiais (...) é preciso treinar os olhos para ouvir e os ouvidos para ver.

Chego aos 44 anos com o mesmo medo corajoso de sempre! Nunca deixei de decidir nada, mas sempre deixo a cargo das minhas decisões, decidir o melhor (...) nisso eu nunca me intrometo! O amor que há em meu peito tem raízes profundas, é difícil de derrubar, mas alguns, ainda, com muita sutileza tentam jogar pedras, nada demais, os galhos ainda são fortes e fortificados - bebem da seiva do Cristo!

Chego aos 44 anos tão lacrado, abertamente fechado, que desejo fazer algumas confissões! É isto mesmo! Desejo fazer minhas confissões uma vez que eu não sei se terei uma outra oportunidade:

Confesso que eu não estou feito, imperfeito sou e na minha imperfeição corro o risco de deixar algum cisco atrapalhar minha visão. Já errei muita conta, saltei algumas ondas, mas já não salto não. Agora, me construo com um prumo, já não quero errar o rumo dessa minha imperfeição. Junto com ela vem os meus defeitos e isso não tem jeito, não é justo carregar no peito tamanha obrigação. Mas estou na escola da vida, devagar, vou costurando as feridas até cicatrizar.

Confesso que ainda tenho humor, mas não brinco com a dor e a desgraça de ninguém, amanhã nós não sabemos, vem sempre outro dia também. Quem tudo humoriza, mostra que a sua vida encontrou um jeito de estancar o sangue da ferida sem a preocupação com o que acontece nessa vida.

Confesso que já me escondi em mentiras de infância como quem quer driblar a realidade, enxugando as lágrimas com um sorriso, para manter meus olhos iludidos com um mundo que não chegará.

Confesso que não sou fundamentalista, sou de fundamentos, de solidez, não sou de tudo, sou de vez em vez, não gosto de liquidez, sou de pisar firme! Mas já escorreguei – de convicções fortes, mas não confio na sorte, ela me obriga com muito tato a ser sensato na minha insensatez.

Confesso que sou o dono da razão, não da verdade, eu tenho um coração e não apenas um pedaço de carne. Brigo pelo que creio, mas brigo comigo mesmo, não sou bobo de acreditar que um outro posso me roubar de mim, sendo que o maior vilão de mim mora em meus pensamentos. Por isso sou dono da razão, da minha razão.

Confesso que não sou refém do futuro, não tenho futuro, sou um sem futuro, não carrego o peso de antecipar o que eu ainda não sei – existo hoje, vivo hoje! Meu futuro é hoje e todos os dias faço as minhas construções futurísticas hoje: Amo hoje, choro hoje, acerto hoje, erro hoje, sorrio hoje, brinco hoje, nasço e morro hoje para que amanhã eu seja algo novo que seja trabalhado pelas mãos do Eterno.

Confesso que quando me perguntam: “Você é evangélico?”, já não respondo com o mesmo entusiasmo de uns 20 anos atrás, quando em minha criancice na fé, me impediam de ver que o movimento evangélico tem suas falhas, seus erros e é composto por pessoas em construção e também por pessoas construídas que aprenderam a arte da enganação e da manipulação. Quando me fazem tal pergunta, confesso que pondero e devolvo a pergunta perguntando: “Qual o seu conceito de evangélico?”. Então, só depois respondo.

Confesso que não me sinto obrigado a ser feliz!  Não há como ser feliz – está feliz é possível. Felicidade não é um lugar concreto onde se chega. Na tentativa que as pessoas fazem de demonstrarem felicidade, mostram, na verdade a sua infelicidade. Lágrimas e sorrisos se misturam nessa vida como pedra e areia em ruínas. Não me sinto obrigado a ser feliz! Aliás, Fernando Pessoa dizia que, “Mas eu nem sempre quero ser feliz. É preciso ser de vez em quando infeliz para se poder ser natural...”. É isso.

Confesso que passei boa parte da minha vida com receio e me esquivando dos “diabos”, mas me esqueci do ser humano. Hoje tenho mais receio do ser humano do que do “diabo”. O diabo ataca e sutilmente se mostra em suas intenções, o ser humano engana com o “amor”, principalmente quando o “amor” lhe traz benefícios.

Confesso que as vezes levo desaforo para casa: não gosto de bate-boca pois em cada ser humano mora um animal selvagem. Não gosto de brigas! Fujo mesmo e podem me chamar do que quiserem. Já faz tempo que não me importo com isso.

Confesso que desperdicei tempo querendo ser muitos! Fui tudo e não fui eu mesmo – tropecei em minhas próprias imagens, descobri que não sou “deusinho”. Dizem que filho de Deus, deus é? Pois bem, descobri que filho de Deus, é filho mesmo. Desfruto da condição que nasci, transformando-me todos os dias naquilo que o sopro do Espírito me faz.

Confesso que as vezes fico azedo, amargo, impaciente – coisas que as circunstâncias tentam implantar em nós – triste de uma tristeza só. Nostálgico, desenfreado, essas coisas que nos lembram que somos pó.

Confesso que sou bibliófilo! E se é uma doença, estou ferrado, não há cura para um bibliófilo.
Confesso que aprendo para desaprender, deixo cair uma palavra afim de ver no que ela vai se transformar: num simples riacho ou em um imenso mar?

Confesso que bati em muitos e apanhei, briguei – feri e ferrei, fui ferido e ferrado, amei/amo e fui/sou amado. Tudo fruto do tempo que em seu sábio silêncio, também me fez silenciar.

Confesso que sou apaixonado por mulheres sábias! Elas têm a capacidade de atrair – são jeitosas, calam quando sentem, produzem a palavra no silencio, esperam a oportunidade – seduzem sem serem vulgar, a maior beleza que manifestam, não está no corpo, mas no falar. Tenho desconfiança de mulheres que muito se exibem, elas mostram, as vezes, uma beleza externa que, disfarçam uma feiura interna.

Confesso que as vezes, não é sempre, mas as vezes tenho um comportamento antissocial. O barulho me incomoda! Observe: estou falando que o barulho me incomoda, não a musica e a musicalidade, nem as pessoas de bom diálogo, mas as pessoas que só falam besteiras toscas porque existem até besteiras boas, entende? Gosto do isolamento, do silêncio – barulho só o que eu produzo.

Confesso que não gosto do movimento politico no Brasil, aliás, no Brasil não há política, mas politigem, politiquismo, politi-eu, entende? Todo mundo que se candidata tem um projeto-político-messiânico! -E incrível! No entanto, uma boa parte da população brasileira já se acostumou com isso. Aqui no Brasil, bom mesmo é o politico Robin Wood: “Tira do rico e divide entre eles e os pobres”. A única diferença aqui é que eles ficam com a parte maior dessa, entre aspas, boa ação.

Confesso que amo a beleza natural, o mar, as flores, as árvores frutíferas, frutando, bem como as árvores que já deram muito fruto e agora, já idosas, descansam. Confesso que amo o céu azul ou vestido de nuvem ou ainda, pingando água. Amo quem não se disfarça, quem não vive de máscaras, amo o cântico dos pássaros e o silencio da alta madrugada. Amo o rosto da criança, a inocência de um olhar limpo.

E para finalizar, confesso que não sei confessar, confesso que tenho consciência de que vou passar, passando, passagem, confesso que a vida que tenho pode ser tirada, mas a vida que sou, nunca morrerá. Confesso o meu amor a Jesus, o Cristo que me crista e cristaliza todos dias! Ele é o Sol da justiça que me justifica! Jesus é o meu ponto/porto final e inicial, para o eternamente sempre.




Onigroej





quinta-feira, 8 de março de 2018

Simplesmente Mulher




"Quem se atreveria a entrar em um jardim em busca de uma Flor?
Ou, rabiscar um verso, uma nota, uma canção de amor?

Mulher é Flor e amor.
Beleza e sentimento.
Brisa suave, cheiro (...) da casa o ornamento.

Mulher é sem muitos adjetivos.
...é tudo! É isso!
"Coisa" que Deus fez no capricho.
É Rio...
Água que banha e cuida.
Profundas águas.

Mulher é carta que se ler quando anda.
...fixa o olhar (...) é aquela "coisa" que encanta.
Seu sorriso é uma legenda.
Seu olhar uma tormenta.
...e quando ela passa, quando se move...
Então, a gente senta.

Estou falando da Mulher que se respeita!
Cuja a roupa modela o rosto.
Cujo o falar da gosto.

Não estou falando da mulher que usa o corpo para aparecer.
...nem a sensualidade para crescer.

Estou falando da Mulher, que quando aparece, da gosto da gente ver".