sábado, 20 de novembro de 2021

Por Uma Ética da Vida

 



Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele, e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios. Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo.

Mc 12. 28-34

Podemos dizer, sem sobra de duvidas que o Cristianismo de Cristo (se é que há um cristianismo em Cristo) possui implicações éticas. Observando a síntese de toda lei e os profetas proferida por Jesus, já sabemos que há dois elementos que sustentam essa ética: O amor a Deus e o amor ao próximo.

O amor a Deus dar-se na relação vertical que se espalha nas relações horizontais. O amor a deus implica em uma relação com ele em que ele não seja instrumentalizado para somente atender as demandas daqueles que dizem que o amam. Amar a Deus implica em um amor que dele recebemos e à ele devolvemos sem querer absolutamente nada em troca. Quem ama a Deus não está em busca de alguma estratégia para arrancar dele alguma benção. Quem ama a deus, ama. Essa é uma ética da vida! Amar a Deus como sentimento livre de quaisquer vantagem, beneficio ou sucesso recebido (...) amar a Deus, amando enquanto caminha com ele em uma relação de puro amor. O amor a deus deve ser com todo o coração (sentimentos convergindo para ele) com todo o entendimento (sabendo o conceito de amor vindo da parte de Deus) e com toda as tuas forças (a energia dispensada visando um alvo especifico). 

O amor a Deus se dá nessa perspectiva descrita acima.

O amor ao próximo que só é possível devido o amor a Deus e o amor recebido de Deus, possui implicações éticas fortíssimas. Amar o próximo se dá em uma relação horizontal uma vez em que esse amor já se deu em uma relação vertical. A horizontalidade desse amor se dá na empatia: colocando-se no lugar do outro. O amor ao próximo é aquele que se ama o outro como se o outro fosse o si mesmo. Aqui, com esse olhar, nasce a ética do acudir, a ética de acolher, a ética de olhar o outro como se olha a si mesmo e espalhar esse sentimento. 

Essa é a ética da vida! 

Amar ao próximo, lembrando que o próximo pode não gostar das mesmas coisas que você gosta e assim ser respeitado em seu espaço de trabalho, em seu espaço entre os amigos, em seu espaço dentro de sua própria casa. 

Sobre isso dirá Albert Schweitzer, o filosofo: "O homem não será realmente ético, senão quando cumprir com a obrigação de ajudar toda a vida à qual possa acudir, e quando evitar de causar prejuízo a nenhuma criatura viva. Não perguntará então por que razão esta ou aquela vida merecerá a sua simpatia, como sendo valiosa, nem tampouco lhe interessará saber se, e a que ponto, ela for ainda suscetível de sensações. A vida como tal lhe será sagrada".

Schweitzer, está falando de uma ética que acode.

A vida relacional só será possível quando uns entenderem que há outros e que esses outros não são os "uns", entende? Em qualquer ambiente, seja no trabalho, seja na Igreja, seja em casa, se não houver essa ética da vida, não haverá vida relacional. 

Amar a Deus com...

...e ao próximo como...

A Deus com e ao próximo, como.

Assim, o ser humano só se torna um ser ético quando ele acolhe essas implicações como realidade em seu interior. O ser humano só entenderá o conceito essencial de ética quando ele cumprir a obrigação de acolher o outro que lhe acolhe com todas as suas limitações. 

Não há tarefa fácil aqui.

No entanto, como diria eu que é fácil salvar as relações?

Ética se dá no campo das relações.

O outro possui direitos assim como eu possuo direitos e todos os direitos envolvidos devem ser respeitadamente direitos. 

Criar um ambiente saudável para que todos possam viver em harmonia, isso é ética.

Viver em harmonia só é possível através de princípios éticos tendo como base o amor ao próximo, Amor não como sentimentos egoísticos, mas amor como aquele recebido da parte do Pai e distribuído como do Pai recebeu.

Se não for possível amar ao próximo, não será possível ser ético. Se não for possível ser ético, não será possível amar ao próximo.

Amar a Deus com toda força e ao próximo como a si mesmo. Isto é a base, a síntese dos mandamentos que Deus concedeu para o seu povo e neles está implícito os princípios éticos para se viver bem em sociedade.

Se quisermos uma sociedade ética em todas as suas esferas, busquemos o amor como o axioma principal, mas não o amor cheio de sentimentalismos, o amor que sabe que amar implica no bem estar do outro e vice e versa.

Lutemos por uma ética da vida, do acolher, do acudir e do respeitar o espaço do outro. Minha liberdade só é minha liberdade até que ela interfira diretamente na liberdade do outro estar bem no exercício da minha liberdade. Se a minha liberdade implica na diminuição da vida do outro ou de sua liberdade, então, essa liberdade que se pratica é uma liberdade tirânica e egoísta.

Por uma ética de tato, que gera contato e por fim, relação.

Pensemos...

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

A última Pregação

 


Quem creu na Palavra que saiu de Deus?

Quem creu?

A Palavra semeada em uma terra seca.

(terra dos Homens)

A Palavra que aos olhos de muitos não era bela, não era atrativa e quem a ouvisse, não acharia lá essas coisas todas.

A Palavra foi rejeitada.

A Palavra foi desprezada.

O desprezo que dói.

Os homens viram o rosto para essa Palavra.

Mas é a Palavra que sara, cura - mesmo ferida.

A Paz que tanto queremos, está na Palavra rejeitada pelos homens.

A Palavra foi humilhada, oprimida, mas não revidou.

Mesmo diante de tudo isso, Deus decidiu que manifestaria a sua Palavra.

...e mesmo diante da rejeição dos que a ouviram, ela dará o seu devido fruto.

Aqueles que crerem na Palavra, serão justificados.

Quem creu na Palavra que saiu de Deus?

Quem creu?

A Palavra salvará a muitos!

E carregará os pecados daqueles que nela creem.

A Palavra é para todos, mas não é de todos e nem salvará a todos, embora, a todos possa salvar.

... e embora Deus tenha anunciado muito a sua Palavra nos tempos antigos, hoje, no púlpito do mundo faz a sua última Pregação - a Palavra que anuncia agora, é a última palavra.

Ela falará até o dia em que não falará mais no mundo dos homens - calar-se-á na Terra e ressoará em toda e  para toda a eternidade.

Quem creu na Palavra que saiu de Deus?