sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O Natal de Maria

 


Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fimEntão, disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum? Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá (episkiázōcom a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.

Lc 1.30-35

...e então, é Natal.

Não quero falar sobre o Natal historicamente secular.

Não quero falar sobre o Natal onde a figura preponderante é o Papai Noel.

Não quero falar, apenas das confraternizações familiares que acontecem no Natal que, evidentemente possui o seu devido valor.

Portanto, gostaria de falar um pouco sobre o Natal de Maria.

O Texto Bíblico descrito acima, mostra-nos como é o Natal sob o olhar de Maria.

O Natal sob o olhar de Maria é o Natal da Graça - "Achaste Graça...".

Maria achou Graça, foi - lhe dispensada a Graça Divina. Em Deus não há mérito em ser escolhido ou escolhida, mas há Graça. Deus é Deus da Graça em Cristo Jesus. Maria não foi escolhida por mérito, mas por Graça.

O Natal da Luz - "...darás a Luz um Filho.".

Timothy Keller, sobre a questão da Luz, faz um belíssimo comentário: "O Natal contém muitas verdades espirituais, mas será difícil entender as outras se não compreendermos primeiro essa. Que o mundo é um lugar escuro, e que jamais encontraremos o caminho ou enxergaremos a realidade a menos que Jesus seja a nossa Luz".

A Luz traz esclarecimentos, visibilidade, promove ordem. O Natal de Maria traz essa Luz que não é dela, mas de quem ela carrega em seu ventre. Essa Luz a ilumina e também a todos os que nesta Luz, crer.

O Natal da Vinda do Reino de Deus - "...e o seu Reino não terá fim".

O Natal para ser Natal dever ser realizado dentro dos padrões Divino: Muita alegria, comunhão e Paz!

O Natal da Perplexidade diante do mistério - "Como será isso?".

Sob o olhar de Maria, o Natal causa perplexidade, hora, não é de se admirar, qualquer pessoa ficaria perplexa diante de tais palavras. Não há com que se preocupar: se o projeto é Divino, os meios também são.

O Natal da Presença do Espírito Santo - "Descerá sobre ti o Espírito Santo".

O Natal de Maria, é o Natal onde há presença do Espírito Santo. Assim sendo, há gozo, paz e alegria no Espírito. Não acredito em um Natal que traz dor, acredito que no período natalino haja pessoas que sentem dor e estejam passando algum tipo de sofrimento, mas não acredito que o Natal promova isso. Em período natalino em que as pessoas cometem violência, não é o Natal Bíblico. No Natal Bíblico, não se promove mortes, mas Vida! A presença do Espírito Santo traz Vida. O Natal sob esse olhar de Maria, é o Natal da experiência com o Espírito Santo. Há experiências com o Espírito de Cristo, no Natal? Se houver, estaremos vivendo um altêntico Natal.

O Natal do envolvimento de Deus com a humanidade e da humanidade com Deus - "...o Poder do Altíssimo te envolverá".

Natal é envolvimento.

A mensagem do Natal não cabe em um dia, em uma data. Não cabe apenas em um movimento social, comunitário - não é coisa apenas de fim de ano. Não é apenas sentar e comer com os amigos e familiares. A mensagem do Natal perpassa a data 25 de Dezembro. Natal, bíblico é: Deus se envolveu com o plano redentivo do ser humano por que o ser humano estava perdido sem a mínima opção de salvação - a mínima condição de salvação. Não se pode, em nome do bem estar, ignorar a mensagem principal do Natal. 

Natal é envolvimento com a causa Divina e sem envolvimento com a causa Divina, não há Natal.

Deus, em Cristo envolveu-se com a causa humana. Deus em Cristo chegou o mais perto possível! O Natal é um período de engajamento em projetos do Reino de Deus. Quando saberemos se o nosso engajamento é integral? É de fato e de verdade? Deus envolveu-se de fato e de verdade conosco, e nós, nos envolvemos com ele?

O Natal de Maria é um Natal de engajamento. Ela engajou-se ou foi engajada num plano de Deus que visava a salvação do ser humano.

Maria cedeu o seu ventre para o nascimento de Jesus. 

Para quê Jesus nasça no coração de alguém, o que nós cedemos?

O Natal de Maria é Natal no sentido mais Pleno da Palavra.

E o nosso?!


Que haja Natal!

E houve Luz.



sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Sentar e Caminhar: Por uma Teologia Espiritual.


 Ainda estamos engatinhando em nosso relacionamento com Deus: há informações que não sabemos, há situações conhecidas, mas não compreendidas em sua totalidade (...) Deus continua sendo um misterium Tremendum.

Nossos estudos, incursões nas Escrituras Sagradas, nossas tentativas frágeis de decifrar os códigos, as pausas, as reflexões (...) aquele olhar perdido em busca de algo, de alguma coisa que possa nos conduzir ao "saciar-se" de nossa sede - isso ainda é misterioso.

A fé por vezes frágil, mas intacta, ainda e tão somente é o que temos. A existência necessita da "Vida" para poder comportar-se de forma adequada em relação a Deus.

Sem isso, acredite, tudo é correr atrás do vento.


Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1-3).

A partir da leitura do texto acima, começam as discussões teológicas, aliás, que experiência teológica de Abrão, não acham? As discussões teológicas podem, dependendo do rumo em que elas tomarem, ser entediantes, técnicas, mecânicas e arrastadas caso não tenhamos a humildade de entender que as teologias brotam do solo da terra (humanas) que acolhem o fruto Divino (revelação). 

A experiência de Abrão é uma experiência teológica, sem sombra de duvidas. Se não acredita, observe o texto:

"Disse o Senhor a Abrão".

Toda boa teologia começa com aquilo que Deus disse e não com aquilo que o ser humano diz. Nós apenas nos debruçamos sobre aquilo que Deus disse e só podemos compreender aquilo que Deus disse se ele mesmo, com sua Graça e Misericórdia, nos conduzir nesse processo.

"Sai...".

Se ponha a caminho. Desloque-se

Para nos encontrarmos com Deus depois que ele nos encontra, é necessário "sair". Sair depois dele ter nos falado, ter nos dito algo - se ele não disser, é bom nem sair. Sair para onde? Eis um erro terrível e quase sem concerto: sair sem que Deus tenha dito alguma coisa. Parece loucura e talvez seja, mas é o tipo de loucura que nos colocará no centro da Vontade de Deus. Como saber?! Só ele pode dizer.

"...da tua terra, de sua parentela, da casa de teu pai".

Rompe com certos status.

Vai à um passo depois do risco da fronteira.

Transcende.

Queres descobrir algo novo, corra riscos...

Ouse confiar.

Olha além! Deixa a pupila dilatar.

Ver ao longe.

O caminhar teológico não se esgota em uma terra (espaço geográfico - Cursos, seminários etc) mas se desenvolve quando ousamos romper - pensar (...) Teologia se faz na espiritualidade e espiritualidade autentica, tem que ser teológica.

Ir, debaixo de uma confiança oferecida, é abrir mão das certezas, encarar o novo e ficar exposto a possibilidades.

"Vai para uma terra que te mostrarei".

Aqui está o espanto teológico: não importa por onde você começa, quem mostra o caminho é aquele que oferece a revelação, e o teu trabalho? Bom, o teu trabalho é se debruçar sobre ela.

Pode se dizer com toda certeza que a teologia parte de um pensamento humano, sim, que seja assim mesmo. No entanto, não esqueçamos que até a capacidade de raciocinar vem de Deus! O que tu tens que não tenhas recebido? Vociferava o apóstolo Paulo.

Caminhe com Deus pelo deserto e ele lhe mostrará um jardim. O difícil mesmo é nós vermos.

Há uma terra que só Deus pode mostrar.

Há lugares secretos que só Deus pode levar-nos.

Teologia só é possível se Deus "mostra".

Isso é um golpe na soberba humana e no antropocentrismo.

Antropocentrismo é um movimento que coloca o ser humano como eixo do universo, o homem coroado pelo individualismo e a autossuficiência - Púlpito delirante.

Na Teologia, é Deus quem mostra: nós apenas seguimos rastros.

Um Deus que se submete aos caprichos do antropocentrismo, é um Deus adulterado - obra das mãos (um olhar torto na leitura bíblica) de alguém ou alguéns que quer um deus para mandar. Não há maldição maior do que seguir esse deus adulterado.

Para finalizar, importa dizer que, quem sai, só sai porque um dia foi buscado. Quem busca, não sai - sai quem foi buscado.

...é Deus quem busca.






sábado, 20 de novembro de 2021

Por Uma Ética da Vida

 



Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele, e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios. Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo.

Mc 12. 28-34

Podemos dizer, sem sobra de duvidas que o Cristianismo de Cristo (se é que há um cristianismo em Cristo) possui implicações éticas. Observando a síntese de toda lei e os profetas proferida por Jesus, já sabemos que há dois elementos que sustentam essa ética: O amor a Deus e o amor ao próximo.

O amor a Deus dar-se na relação vertical que se espalha nas relações horizontais. O amor a deus implica em uma relação com ele em que ele não seja instrumentalizado para somente atender as demandas daqueles que dizem que o amam. Amar a Deus implica em um amor que dele recebemos e à ele devolvemos sem querer absolutamente nada em troca. Quem ama a Deus não está em busca de alguma estratégia para arrancar dele alguma benção. Quem ama a deus, ama. Essa é uma ética da vida! Amar a Deus como sentimento livre de quaisquer vantagem, beneficio ou sucesso recebido (...) amar a Deus, amando enquanto caminha com ele em uma relação de puro amor. O amor a deus deve ser com todo o coração (sentimentos convergindo para ele) com todo o entendimento (sabendo o conceito de amor vindo da parte de Deus) e com toda as tuas forças (a energia dispensada visando um alvo especifico). 

O amor a Deus se dá nessa perspectiva descrita acima.

O amor ao próximo que só é possível devido o amor a Deus e o amor recebido de Deus, possui implicações éticas fortíssimas. Amar o próximo se dá em uma relação horizontal uma vez em que esse amor já se deu em uma relação vertical. A horizontalidade desse amor se dá na empatia: colocando-se no lugar do outro. O amor ao próximo é aquele que se ama o outro como se o outro fosse o si mesmo. Aqui, com esse olhar, nasce a ética do acudir, a ética de acolher, a ética de olhar o outro como se olha a si mesmo e espalhar esse sentimento. 

Essa é a ética da vida! 

Amar ao próximo, lembrando que o próximo pode não gostar das mesmas coisas que você gosta e assim ser respeitado em seu espaço de trabalho, em seu espaço entre os amigos, em seu espaço dentro de sua própria casa. 

Sobre isso dirá Albert Schweitzer, o filosofo: "O homem não será realmente ético, senão quando cumprir com a obrigação de ajudar toda a vida à qual possa acudir, e quando evitar de causar prejuízo a nenhuma criatura viva. Não perguntará então por que razão esta ou aquela vida merecerá a sua simpatia, como sendo valiosa, nem tampouco lhe interessará saber se, e a que ponto, ela for ainda suscetível de sensações. A vida como tal lhe será sagrada".

Schweitzer, está falando de uma ética que acode.

A vida relacional só será possível quando uns entenderem que há outros e que esses outros não são os "uns", entende? Em qualquer ambiente, seja no trabalho, seja na Igreja, seja em casa, se não houver essa ética da vida, não haverá vida relacional. 

Amar a Deus com...

...e ao próximo como...

A Deus com e ao próximo, como.

Assim, o ser humano só se torna um ser ético quando ele acolhe essas implicações como realidade em seu interior. O ser humano só entenderá o conceito essencial de ética quando ele cumprir a obrigação de acolher o outro que lhe acolhe com todas as suas limitações. 

Não há tarefa fácil aqui.

No entanto, como diria eu que é fácil salvar as relações?

Ética se dá no campo das relações.

O outro possui direitos assim como eu possuo direitos e todos os direitos envolvidos devem ser respeitadamente direitos. 

Criar um ambiente saudável para que todos possam viver em harmonia, isso é ética.

Viver em harmonia só é possível através de princípios éticos tendo como base o amor ao próximo, Amor não como sentimentos egoísticos, mas amor como aquele recebido da parte do Pai e distribuído como do Pai recebeu.

Se não for possível amar ao próximo, não será possível ser ético. Se não for possível ser ético, não será possível amar ao próximo.

Amar a Deus com toda força e ao próximo como a si mesmo. Isto é a base, a síntese dos mandamentos que Deus concedeu para o seu povo e neles está implícito os princípios éticos para se viver bem em sociedade.

Se quisermos uma sociedade ética em todas as suas esferas, busquemos o amor como o axioma principal, mas não o amor cheio de sentimentalismos, o amor que sabe que amar implica no bem estar do outro e vice e versa.

Lutemos por uma ética da vida, do acolher, do acudir e do respeitar o espaço do outro. Minha liberdade só é minha liberdade até que ela interfira diretamente na liberdade do outro estar bem no exercício da minha liberdade. Se a minha liberdade implica na diminuição da vida do outro ou de sua liberdade, então, essa liberdade que se pratica é uma liberdade tirânica e egoísta.

Por uma ética de tato, que gera contato e por fim, relação.

Pensemos...

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

A última Pregação

 


Quem creu na Palavra que saiu de Deus?

Quem creu?

A Palavra semeada em uma terra seca.

(terra dos Homens)

A Palavra que aos olhos de muitos não era bela, não era atrativa e quem a ouvisse, não acharia lá essas coisas todas.

A Palavra foi rejeitada.

A Palavra foi desprezada.

O desprezo que dói.

Os homens viram o rosto para essa Palavra.

Mas é a Palavra que sara, cura - mesmo ferida.

A Paz que tanto queremos, está na Palavra rejeitada pelos homens.

A Palavra foi humilhada, oprimida, mas não revidou.

Mesmo diante de tudo isso, Deus decidiu que manifestaria a sua Palavra.

...e mesmo diante da rejeição dos que a ouviram, ela dará o seu devido fruto.

Aqueles que crerem na Palavra, serão justificados.

Quem creu na Palavra que saiu de Deus?

Quem creu?

A Palavra salvará a muitos!

E carregará os pecados daqueles que nela creem.

A Palavra é para todos, mas não é de todos e nem salvará a todos, embora, a todos possa salvar.

... e embora Deus tenha anunciado muito a sua Palavra nos tempos antigos, hoje, no púlpito do mundo faz a sua última Pregação - a Palavra que anuncia agora, é a última palavra.

Ela falará até o dia em que não falará mais no mundo dos homens - calar-se-á na Terra e ressoará em toda e  para toda a eternidade.

Quem creu na Palavra que saiu de Deus?

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Fumaça

 





"...nos quais o deus deste século (aion) cegou (Typhlóo) o entendimento dos incrédulos para que sobre eles não resplandeça (photismoi) a luz do Evangelho da Glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus"

2 Co 4.4

Caso queiramos uma compreensão mais apurada das Escrituras, bem como uma leitura mais inteligente, não há outro caminho senão o estudo, a pesquisa, a oração e a submissão tanto ao Espírito de Deus, como ao próprio texto que está diante de nós.

Quando nos colocamos diante do texto bíblico com a intenção de entendê-lo, de compreendê-lo - observe bem as palavras: entender e compreender. Sim! Isto é o que cabe a nós. A interpretação das Escrituras está na própria Escritura pois a Escritura interpreta a própria Escritura. Não estamos aqui para dar uma interpretação a Escritura, mas para compreender, entender e apreender o que ela está nos comunicando.

No texto acima, vemos um trecho da epistola de Paulo aos irmãos que congregavam em uma igreja na Cidade de Corinto. Aqui, o apóstolo alerta os irmãos sobre um certo "deus deste século que cega o entendimento dos incrédulos para que sobre eles não resplandeça ou brilhe a luz do Evangelho da Glória de Cristo".

O que os destinatários desta epistola entenderam ou provavelmente entenderam, quando Paulo, o apóstolo, usou tais palavras?

O trecho desta carta a partir de algumas palavras no original grego, fica mais ou menos assim:

"...o deus que influencia essa era, esse sistema corrupto, desviou a atenção, jogou fumaça no entendimento dos incrédulos para que sobre eles, não surja aquela luz que traz a Luz principal, que é o Evangelho da Glória de Cristo".

Paulo coloca aqui que existe um sistema mau e do Mal que trabalha visando desviar a mente de pessoas que ignoram o evangelho para que esse mesmo evangelho não surja, não apareça, não chame a atenção - em fim, a ideia é que há um trabalho, uma organização que se empenha para que não haja compreensão por parte dos, Paulo chama-os, incrédulos.

Paulo, o apóstolo, vai dizer que esse deus, através do sistema corrupto do mundo, através de uma influencia sutil, porém malignamente competente, trabalha com esse intuito. Ele dirá que esse deus "cegou" o entendimento, mas o texto grego, utilizará a palavra Typhlóo para figurar essa ação. Essa palavra, significará, dentre outras coisas, lançar fumaça.

É isso. O deus deste século joga fumaça para embaçar a visão.

Fumaça...

O que desvia as pessoas do verdadeiro evangelho é aquilo que os gregos chamam de "fumaça".

O deus deste século embaça os olhar, diminui a capacidade de ver daqueles que ignoram a verdadeira luz da Glória de Cristo.

Qual é a fumaça deste nosso século?
Que fumaça, o deus deste século está usando?
O que desvia o olhar do verdadeiro Evangelho?
Qual a grande ambição?
Onde está o tesouro desta geração?

Sem o verdadeiro Evangelho...
Sem o Cristo...
Sem o Jesus descrito nos Evangelhos...

O que resta é só fumaça.


domingo, 17 de outubro de 2021

...e a vida, o que é?

 


Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.

Tg 4.14

A de surgir o tempo em que por alguns segundos seguremos o tempo para pensar no tempo e na vida. Falando nisto: o que é a vida?

Fui pego por esses dias, depois que a correria aquieta-se. Depois que os passos freiam a pressa (...) fui pego esses dias me fazendo essa pergunta ontológica.

O texto acima citado, na epistola de Tiago, é na verdade uma lâmina afiada de dois gumes. É o levantar do véu. É o despertar do sono (Hupnos).

Tiago vai dizer que a vida é um vapor que aparece por um pouco, e depois desvanece. Arrepia um pouco.

A palavra para esse "vapor" é Atmis que está por trás da palavra ephemeros.

A vida (bios) é um vapor.

Rápido se dissolve.

Desaparece.

Acaba.

Ephemera.

A vida é passageira.

Gota que cai e se dissolve.

Orvalho que se desmancha.

Nuvem passageira.

Quanto tempo eu tenho?

Quanto tempo me resta?

Me resta o ephemeros.

Me resta o que há pela frente.

Não tenho anos somatórios.

Tenho anos de hoje para frente.

Os anos passados? Bem, os anos passados eu não os tenho mais: eles ephemeros.

O tempo perdido pode ser recuperado, menos o tempo ephemeros.

Hoje, caminhando com o meu pequeno nos braços, no cair da tarde, no pôr do Sol, só nós dois, ele olhou em meus olhos, segurou o meu rosto e então lhe perguntei: "Quanto tempo eu tenho?". Ele desviou o olhar e sentiu o vento soprando em seu rosto e encostou em meu peito.

Talvez ele tenha feito isso como uma resposta.

Ephemeros.

A vida é vapor.

Hoje é, amanhã, não mais.

Quando você menos esperar, então (...)

Passou.

O que é a vossa vida? Perguntou Tiago.

O que é a vossa vida? Pergunto-lhes eu.

Sopro.

Vento que passa pela fresta da janela fazendo barulho e logo passa.

Um caminho sem volta.

...e este dia, nunca mais acontecerá.

A vida é ephemeros.



domingo, 1 de agosto de 2021

Gestão, Alta Performance e Auto Performance.

 


Aplica à disciplina o teu coração e os teus ouvidos, às palavras do conhecimento.

Prov. 23.12

Em períodos de jogos olímpicos o que mais vemos e ouvimos são expressões do nosso cotidiano super potencializados. Nesses períodos, constantemente ouvimos as palavras gestão, alta performance, e auto performance. Os atletas e as atletas têm picos de adrenalina altíssimos!

Observemos a expressão corporal.

Olhos fixos, rosto sisudo, respiração disciplinada, gestos corporais na tentativa de distensão e uma intermitente eletricidade que passa pelo corpo.

Por trás de uma medalha, por trás de uma conquista – chegar requer todo um trabalho disciplinar, organizacionalmente preparado com antecedência. Tal trabalho requer gestão, alta performance e auto performance. Sim, alta performance e auto performance não são a mesma coisa, embora caminhe de mãos dadas. Aliás, diga-se de passagem: se quisermos chegar em algum lugar, saiba, gestão, alta performance e auto performance andarão de mãos dadas sempre!

A existência é assim.

Quem está em busca de algo a mais, vai se deparar com esses termos, mais cedo ou mais tarde.

Mas então, qual a diferença entre gestão, alta performance e auto performance?  É bom iniciarmos por aqui porque é importante estabelecer os limites entre cada termo. Conceituar os termos diferenciando-os em suas semelhanças, é fundamental para sabermos de fato e de verdade sobre o que estamos falando. Não misture os termos, não os confunda quando não for possível Con-fundí-los. As vezes certos termos podem ser confundidos e por isso, não podemos con-fundí-los. Portanto vamos ver cada termo e depois seguirmos em direção a nossa proposta de reflexão.

GESTÃO.

Quando falamos de gestão, estamos falando de gerir, de administrar, de conduzir. Gestor ou gestora é quem conduz, quem administra, quem toma a direção. Na gestão pessoal quem conduz seus planos? Como esses planos são conduzidos? Por aonde ir e como chegar? Planejamento e estratégia disciplinar, são fatores preponderantes dentro da gestão. A importância da gestão está justamente na aplicação de políticas de conduta, nas relações interpessoais e em todo planejamento.

Quando falamos de gestão, devemos lembrar que ela pode ser dividida em várias áreas: gestão de pessoas, gestão de empresas ou algo semelhante a estes exemplos. No entanto, aqui estou falando necessariamente da gestão pessoal, ou seja, da gestão onde quem vai gerir você, inicialmente falando, é você mesmo. Todo gestor, toda gestora têm que gestar-se. Aqui, importa dizer que, o Ser que habita em você é você e, portanto, você é responsável por você mesmo (a) e qualquer iniciativa partirá, inicialmente de você. É você em progresso, é você no e a caminho. Gestão é assumir responsabilidades, e quem não se assume, não assume mais nada nesta vida. Entende? Conduza-se para depois conduzir o que quer que seja. Se gestão é, grosso modo, a arte de administrar, então, administre-se. É sobre isso que estou falando: gestão pessoal.

 Portanto, inicialmente falando, conduza-se, administre-se, planeje-se. Encontre-se, decida-se – olhe. Amplie o olhar.

Olhando a gestão pessoal por esse ângulo, logo percebemos que Gestão é movimento – acontece enquanto caminhamos. Talvez, a palavra mais bem colocada aqui seja, prontidão. Gestão exige prontidão. Prontidão no sentido não de se estar pronto sempre, mas no sentido de, quando se precisar dar os passos necessários, eles estarão a postos. O gestor não é perfeito, o trabalho dele nem sempre ou quase sempre não é feito com perfeição, mas não é a perfeição que ele deve buscar. O Bom gestor ou gestora busca a excelência. Veja um pouco mais além do que normalmente ver. Acredite nisso e acredite, isto no final vai fazer uma diferença exorbitante. 

ALTA PERFORMANCE.

A alta performance está ligada a produtividade. A pessoa que está em alta performance, está em progresso, avançando em direção à uma meta. É o atleta que se preparou para a corrida, o lutador que se preparou para a luta, o bom profissional que se preparou para o mercado de trabalho que se propôs. Prepara-ação.

Atitudes de alta performance requer motivação, alegria, entusiasmo e determinação. Pessoas em alta performance não titubeiam, não andam em estradas bifurcadas – são destinadas, ou seja, possuem origem e sabem aonde e onde querem chegar. Isto não significa que são perfeitas, imune a erros ou a fadigas, pelo contrário – o cansaço é o resultado de quem tentativa.

AUTO PERFORMANCE.

A auto performance não tem ligação direta com a meta, mas mira-se nela. A auto performance está ligado diretamente ao interior da pessoa. Tem a ver com suas motivações, seus desejos crivados sob a razão.  Que promoverá um resultado satisfatório no final.

Enquanto a alta performance mira na produtividade, a auto performance mira no interior do indivíduo. Enquanto a alta performance foca no resultado, a alta performance mira no ser que irá caminhar em direção à essa produtividade.

Assim temos: uma gestão em curso, um ser em alta performance que precisa trabalhar a sua auto performance. Parece complexo? Espero que seja. A vida é complexa e cheia de complexidade. Nem sempre as coisas são o que são, as vezes elas apenas aparentam ser.

Aqui, no campo da auto performance a exigência pode ser alta e comprometedora. Cuidado aqui (...) apenas o que for possível. Então, descubra e siga. No entanto, diante da gestão pessoal, da alta performance e da alta performance, há o medo de Não-Ser.


quarta-feira, 28 de julho de 2021

A Importância da Psicologia no ambiente Cristão - A Questão do Clero

 


Como o Clero é um conjunto de homens que ocupam posição superior numa religião e no caso, da igreja cristã evangélica, quem ocupa essa posição são em geral os pastores e presbíteros, iremos nos manter ligada a importância da psicologia na vida pastoral.

A vida pastoral é revestida de muita responsabilidade e seriedade. Talvez por causa disso o ministério pastoral seja um ministério que lida com tensões e cobranças quase que o tempo todo. A responsabilidade de sempre ter uma palavra, um sermão, um aconselhamento correto, uma oração para fazer em forma de intercessão, um abraço forte, uma palavra de incentivo (...). Através dessa pequena lista já é possível imaginar o quanto é tenso o ministério pastoral. Por isso a psicologia ao ser colocada a serviço tanto do ministério pastoral para auxiliar o próprio pastor quanto para auxiliar o desenvolvimento do seu próprio ministério, constitui-se numa ferramenta de ajuda indispensável. Citarei algumas tensões as quais o pastor é submetido.

1.       O Endeusamento do Pastor. Essa se constitui em uma tensão absurda! Mas ela é real. O fato é que muitos dentre da igreja, por algum tipo de carência acaba transferindo para o pastor certas necessidades que apenas Deus pode supri-las. Até esse momento da relação entre membro e pastor é possível manter certo controle da situação. No entanto o problema é quando o pastor tentar de alguma forma encarnar esse deus que as pessoas tanto buscam nele. Neste ponto a tragédia bate a porta. Aqui o pastor terá que fazer uma opção: ou ele assume essa posição de deus e alimenta o desejo-transferência da igreja e fica de bem com todos ou ele não assume isso e compra briga com algumas pessoas que ainda não cresceram na fé. A psicologia entra aqui, justamente neste intervalo. Ela fará com que o pastor analise o comportamento das pessoas e o que estão levando-as a fazerem tal transferência. Mas também o próprio pastor terá a oportunidade de fazer a sua própria análise ou se preferir ser analisado com o intuito de saber a que lado ele está mais propenso.

2.       O Mau Uso do Poder. Esse é outro ponto de tensão para o pastor. A posição pastoral é uma posição, digamos poderosa, mas poderosa no sentido de lhe conferir autoridade. Aqui a tensão é grande visto que confundir autoridade com autoritarismo é bem frequente. O poder pode ser de qualquer pessoa, mas não é qualquer pessoa que sabe lidar com o poder. Muitos pastores se perdem facilmente neste imenso campo de batalha. É preciso se olhar quando se tem poder. É preciso saber o que se passa por dentro de si quando se tem poder. É preciso, é preciso. O mau uso do poder pode desencadear situações constrangedoras e destrutivas porque o mau uso do poder pode transformar uma simples pessoa em um tirano. A história esta diante de nós e pode nos fornecer vários exemplos: Hitler, Mussolini, Saddam Hussein, Ossama Bin Laden e outros que estão em algum lugar deste planeta fazendo suas maquinações satânicas. Esses são os mais conhecidos da humanidade, mas no meio eclesiástico também existem alguns que possuem pouca habilidade com o poder e acabam criando guerras interiores em seus ministérios e congregações. A psicologia está a serviço de tais pessoas para que elas façam uma autoanálise de seus atos, pensamentos e ideais colocando tudo sob o crivo da Escritura Sagrada que é a Palavra de Deus. Com o poder não se brinca, se trabalha em prol de uma vida sadia para o povo.

É importante salientar que não existem regras mágicas ou soluções mágicas para resolver certas tensões. O que acredito que possa existir na verdade, são precauções que o candidato a pastor ou Pastor já em exercício pode tomar. Por exemplo.

 

1.       Antes de assumir uma posição pastoral observe quais são as suas motivações.

2.       Antes de assumir uma posição pastoral verifique a sua linha de pensamento e o seu campo de atuação dentro do ministério pastoral.

3.       Antes de assumir uma posição pastoral observe como lidar com posições que envolve Poder.

4.       Se for assumir uma posição pastoral, saiba que vais passar por pressões e tensões. Vai assim mesmo?

5.       Observe se a sua vocação é mesmo pastoral.

 

Acredito que essas precauções poderão ajudar bastante à vida do futuro pastor ou do já pastor que está pastoreando.

Como podemos ver, não faltam razões para defender a importância da psicologia para o meio cristão. A questão não é estar a favor da psicologia e contra a fé e nem vice e versa. Defender a importância da psicologia para a igreja é uma questão de saúde emocional e bem estar espiritual. É possível conciliar as duas coisas sem anulá-las.


A Psicologia e sua Importância Para o ambiente Cristão

 

Como já sabemos empírica e cientificamente falando, o ser humano é uma complexidade de sentimentos, de ações, pensamentos e reações. Há uma busca constante de autoafirmação daquilo que se é. Mas o que se é? Como se é? É preciso fazer uma leitura do ser humano e suas complexidades, mas fazê-la de uma forma sistemática e pesquisadora.

Em um período de tantas perdas, guerras e luta pela sobrevivência é claro que o interior humano vai se desgastando e isso sugere que ele seja acompanhado e ouvido para que suas feridas, traumas e dores possam ser ao longo do tempo, sanadas. Para isso é que a psicologia como instrumento terapêutico serve: para auxiliar o ser humano tanto nas buscas de si mesmo, quanto nas interrogações e problemas emocionais.

No entanto a psicologia é um campo vastíssimo e vamos aqui falar um pouco o que é psicologia, de sua importância para a igreja cristã e para o meio eclesiástico e Clerical.

Todo assunto a ser abordado como objeto de estudo ou de pesquisa, deve antes de qualquer outra coisa, ser definido.

 A psicologia, nosso objeto de reflexão é uma área de atuação e de pesquisa que estuda o comportamento humano. Enquanto ciência, a psicologia se interessa em compreender o ser humano em sua totalidade, em sua relação com o mundo, a sociedade como como a si mesmo. Por isso os profissionais que trabalham nessa área tentam explicar as várias formas de agir do ser humano: seus pensamentos, comportamentos e emoções são observados visando entender e compreender certas atitudes. Como o ser humano é essa complexidade de sentimentos e pensamentos, a psicologia atua na área de detectar possíveis problemas emocionais ou mentais que estejam prejudicando o andamento da vida normal de uma pessoa.

É importante enfatizar que qualquer pessoa esta sujeito a passar por dificuldades emocionais e enfrentar algum tipo de distúrbio. Digo isso porque em minha concepção “todos” são “todos”. Inclusive pessoas que são adeptos de religiões e no caso aqui especifico as pessoas que congregam em igrejas cristãs. As igrejas tem tido um crescimento considerável no Brasil e todo crescimento populacional, traz também seus problemas. É neste aspecto que a psicologia vai mostrar a sua importância.

Há diversos artigos que apregoam em alto e bom som que psicologia e igreja são antagônicas e por consequências inconciliáveis. No entanto diante de tal declaração podemos medir o grau de ignorância que algumas pessoas possuem por não tratar o assunto de um modo geral, mas simplesmente especifico.

Quando observamos algumas ferramentas utilizadas pela psicologia para o tratamento de algumas doenças emocionais, percebemos que elas podem ser aplicadas a igreja sem dano algum, claro, colocando tais ferramentas a disposição de uma boa reflexão bíblica. Assim sendo creio que a psicologia é importante para a igreja nos seguintes aspectos.

1.       No Sentimento de Culpa. Várias pessoas chegam à igreja e estão na igreja envolvidas com sentimento de culpa e isso acontece porque nesta estrada da vida se comete muitos erros, anda-se por várias estradas cuja terra é cheia de pedras pontiagudas. Feridas, essas pessoas se dirigem a igreja que a principio, é o instrumento de Deus para socorrê-las ajuda-las e restaurá-las. Aqui as pessoas podem se utilizar da psicologia para tentar entender que tipo de culpa essa pessoa carrega. Nessa abordagem a preocupação básica de quem recebe na igreja, uma pessoa com sentimento de culpa deve ter em mente em sua abordagem o que a pessoa fez e o que a levou a fazer. Se ela tem um sentimento de culpa é porque provavelmente fez alguma coisa que, ou sua consciência, ou a sociedade, ou a família, ou alguém dita como errado. Assim sendo é importante diferenciar os tipos de sentimento de culpa.

 

·         Culpa real.

·         Culpa neurótica.

·         Culpa existencial.

O primeiro a aparecer na lista é o sentimento de culpa real e este sentimento existe porque a própria consciência em conjunto com a comunidade testificam que realmente houve um erro ou como é de comum em comunidades cristãs, houve pecado. A Culpa real vem, não de um sentimento duvidoso de culpa, mas de um sentimento real de culpa. Vem de uma culpa real. Ou seja, aconteceu de fato.

O segundo a aparecer na lista é o sentimento de culpa neurótica e esse sentimento não vem por um sentimento objetivo de culpa como acontece na culpa real, mas ele aparece como sentimento subjetivo de culpa. O sujeito sofre com a culpa porque acredita plenamente que é culpado quando toda comunidade ao seu redor diz o contrário. A culpa neurótica vem caminhando pela estrada do mundo imaginário, ou seja, essa culpa só existe na imaginação do sujeito.

O terceiro a aparecer na lista é a culpa existencial e tudo indica que, a culpa existencial é produzida normalmente em cada ser humano. Este ser humano possui uma culpa existencial encravada no seu ser que o deixa sentindo-se quebrado, meio metade e assim se sentindo, sai em busca de se encontrar inteiro. Neste momento entra a igreja e apresenta Jesus que, através do Espírito Santo vai trabalhar esse ser humano até que ele chegue à estatura de varão perfeito.

Em uma análise detalhada de cada sentimento exposto acima, logo entenderemos que esse tipo de sentimento é comum em nossa sociedade e também nas igrejas cristãs. O que a igreja precisa realmente é saber como lidar com cada um deles para que as pessoas que procuram refúgio e auxilio possam encontra-los.

2.       O sentimento de inferioridade. Esse é outro tipo de sentimento comum tanto na sociedade secular quanto nas comunidades cristãs e os motivos que levam a desencadear tais sentimentos também são vários. Às vezes tal sentimento desenvolve-se durante a adolescência, às vezes vem do tempo de criança e ainda às vezes ocorre na fase adulta, depende muito do momento em que a pessoa esteja passando ou enfrentando. O trabalho do psicólogo tendo como instrumento as ferramentas adequadas da psicologia e o conhecimento da Escritura Sagrada é diagnosticar o que está causando tal sentimento de “ser” inferior. É assim que uma pessoa se sente quando nela se desenvolve esse sentimento: “ser” inferior. O que muitas vezes lamento é que no mundo eclesiástico as pessoas relegam um sentimento de inferioridade a apenas uma ação diabólica. Por exemplo: quando alguém aparece na igreja com sentimento de inferioridade, tratam logo em dizer: “Isso é coisa do Diabo!”. E creio que em uma determinada esfera de ação o Diabo se aproveite do momento, mas não creio que toda ação é patrocinada por ele. Há pessoas que se sentem inferiores a outros por não ter conseguido realizar um sonho ou coisas semelhantes. No entanto ela nutriu esse sonho a cada dia. Existe uma poesia de Fernando Pessoa que fala um pouco sobre isso: “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. A parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. (Poemas de Álvaro Campos: obra poética/Fernando Pessoa; organização, introdução e notas Jane Tutikian – Porto alegre, RS: L&M, 2008 p. 160). O texto fala por si, não carece de interpretação. O fato é que todos nós somos sujeitos a transitar nesta via de variações psicológicas. Por isso a igreja dispõe da psicologia como instrumento para auxiliar o processo de cura das doenças emocionais.

3.    O sentimento de baixa estima alta. Aqui está a soma dos dois sentimentos citados acima. A baixa autoestima tem levado muitas pessoas ao ostracismo e depressão. Esse é o tipo do sentimento que agrega em si todo sentimento de in-potencialidade. É a sensação de não ter forças, de não ter pique, de faltar às pernas na hora da corrida. A alta-baixa-estima tem influência direta na vida cotidiana do individuo e pode alterar todas as expectativas a respeito de qualquer coisa. Pode não parecer, mas a igreja está cheia de gente assim. São membros, obreiros e até pastores que se encontram nessa situação, mas claro, não deixam transparecer porque, afinal de contas, o que vão dizer de um cristão com alta-estima-baixa? É justamente desse ostracismo, dessa hibernação, desse casulo que vão nascer às doenças emocionais. O agravamento dessas doenças não vem da doença em si, mas da negação da doença, ou seja, quanto mais eu nego que estou doente mais doente eu fico porque nego. Daí nasce aquela velha dor existencial que tem haver com o modo de como você se vê e vê o mundo ao seu redor. A projeção do olhar vai criando o universo aonde você transita. Certa vez Jesus disse: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus todo o teu corpo estará em trevas” (Lc. 11.34). É no olhar a si e as coisas que os sentimentos brotam. Cristo nos deu essa dica para pratica diária. Façamos assim então.