domingo, 30 de janeiro de 2011

SOBRE CRIANÇA , LUZ E ALGUMAS PERGUNTINHAS...


"Portanto, cuidado para que a luz que esta em seu interior não sejam trevas" (Lc 11.35).

"Pra quê essa luz acessa de dia?". Perguntou-me a menina travessa. "É? Pois é né, ainda é dia". Respondi meio sem jeito

Existem momentos que fico encantado com a espontaneidade das crianças. Elas são simplesmente professoras das coisas ditas sem nem um tipo de pré-tensão.
Vejam só: eu estava em casa organizando os meus cds na estante quando uma meninhinha entrou pela porta da sala, olhou para cima e logo após olhou para mim com uma pergunta com um tom de des-aprovação: "Pra quê essa luz ligada uma hora dessas? Em princípio fiquei sem respostas e aproveitei essa fração de segundos para contemplar o rostinho dela que me fazia tal pergunta. Então eu lhe respondi: "É? pois é né, ainda é dia". Ela calmamente foi até ao interruptor e desligou a luz para não gastá-la atoa. Eu por minha vez não disse nada, simplesmente fiquei observando essa menina levada que entrou em minha casa e desligou a luz que, segundo ela estava sendo gasta em vão.

Luz, não é para ser desperdiçada.

Energia não é para ser desperdiçada.

As vezes desperdiço a minha luz e gasto em vão minhas energias.

E você?

A luz perde a sua importancia diante da luz...
Luz existe para cortar as trevas.

Particularmente não gosto do escuro...
Há quem durma com todas as luzes de casa apagadas. Eu não dou conta. Tem que haver ne que seja um pequeno raio de luz: afinal, é noite.

Jesus falou algumas vezes sobre luz, mas numa dessas vezes ele fez uma colocação que me assusta e me coloca em estado de alerta constante: cuidado com tua luz para que ela não seja trevas. Disse Jesus.

Meu Deus?! Como uma luz pode em sendo luz, ser trevas ao mesmo tempo?

Uma coisa é ser dia e a luz esta acessa, uma outra coisa é a luz que esta acessa, ser trevas ao mesmo tempo que é luz.

Uma luz que em sendo luz é trevas...isso é perturba-dor.
Uma luz que é trevas, brilha?! Talvez...
No entanto se ela brilhar, seu brilho refletirá não só a luz, mas a luz pintada de trevas.

A luz tem que brilhar nas trevas e não ser extensão dela.

É, eu preciso cuidar da minha luz e da minha energia.

Aquela criança que entrou na minha sala de uma forma imponente, me ensinou a verificar isso: Minha luz esta sendo gasta vão? E qual o estado dessa luz?

Você esta vendo? Olha o que a espontaneidade de uma criança pode causar...rs!!!

Simplesmente amei essa visita não agendada...rs!!!

Uma oração:

"Senhor, me ajude a verificar, sempre a minha luz.
Me ajude a identificar qual a sua qualidade.
Não permita, Senhor, não permita que a luz que há em mim sejam trevas!
Me ajude...
Que a iluminação do teu Espírito me ajude a discernir isso".

Hoje aprendi uma grande lição com aquela criança.








J.R.S
2011

...nun desses dias de criança que maravilhosamente, in-comodam.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

DEUS...


O saber a respeito de Deus é o não-saber.
De Deus se sabe apenas o saber de não-saber.
Saber de não vê.
Saber de apenas ser.
Ser que cobre uma palavra...
Ser de não ter que saber.
Não tenho que saber de Deus...
...do nada saber.
Eu sei que não sei de não saber o que penso que sei: não sei.

A respeito de Deus se escreve do escrever do que se sabe do não-saber.
Se escreve apenas do escrever...o deslizar dos dedos do pintor pela tela.
Se escreve do vento que passa e não tem cor...

De Deus, apenas o sentir...
Do sentir a pele, da percepção dos sentidos, das cordas vibratórias do coração quando se escuta sua voz.
Do sentir mais sentido.
Eu sinto.
Não sei.
Não escrevo. Deslizo meus pensamentos na ponta da imaginação quando olho ao longo o céu.

Sinto por que me faz sentir.
Snto por que me faz sorrir.
Sinto por que me faz viver.

É como aquela criança que olha pela vidração do infinito e imagina dizendo: "Deus esta logo ali...".









J.R.S

domingo, 16 de janeiro de 2011

SÓ MAIS UMA VEZ...


"...dá-me forças só mais uma vez" (Juizes 16.28).

Há um misto de sentimentos nesta oração de Sansão: Há desejo de vingança, mas há também saudade daquela "Presença" que o tornava um homem diferenciado.

Há desejo de vingança porque Sansão havia tornado-se prisioneiro dos Filisteus numa condição de chacota absurda, além do mais, Sansão não era do tipo que leva desaforo para casa, pelo contrário, era de atitudes extremas.Por isso essa oração possui sentimentos fortissimos de vingança.

No entanto há também muita saudade. Preste atenção nas palavras: ...dá-me forças só mais uma vez.

Há uma busca pela Presença que fazia a diferença em sua vida e na vida do seu povo.

A força de Sansão residia na força da Presença Divina.

Saudade dessa força que ele admirava e que por um tempo ele havia perdido.

A oração de Sansão é o pedido de quem embora perdesse os olhos, não havia perdido o olhar e a sensibilidade.Sansão podia ficar sem olhos, mas ele não conseguia ficar sem a Presença. Sansão podia ter perdido a visão dos olhos, mas não havia perdido o olhar.

Há tanta gente que tem olhos, mas não tem olhar.

Sansão sentia falta dos olhos, mas tinha o olhar que de alguma forma supria essa necessidade. No entanto ele tinha sensibilidade suficiente para saber que não tinha mais a Presença. Isso sim, era de uma dor quase insuportável.

Essa não é apenas uma oração por força: É o clamor pela Presença.

Precisamos de força da Presença.

...só mais uma vez. Pediu Sansão. Nem que fosse pela ultima vez, ele queria aquela Presença. Nem que fosse para depois morrer, mas ele queria a Presença. Não só a força, mas principalmente a Presença.

Sem a Presença DEle tudo é tão igual. Tudo é tão comum. Tudo é tão nada!

Sansão pediu:...dá-me forças só mais uma vez. E Deus lhe concedeu não só a força, mas a sua Presença.

Nossa vida emana dessa Presença.

Meu Deus! Não me deixes...

Posso ficar preso.
Posso ficar cego.
Mas não posso ficar sem a tua Presença!

Que oração!

Sansão cometeu muitas falhas em sua vida, mas soube fazer a oração certa na hora certa.

Deus nos livre das falhas, mas se elas surgirem, que Deus nos ensine a orar.






J.R.S

Sempre em busca, daquela Presença.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A LEMBRANÇA QUE ESQUECEMOS


  "A menina me fez lembrar de uma coisa que eu não queria lembrar
(Conversa de corredor de mercantil)

Eu quero confessar algo: vez por outra eu pego frases soltas de conversas soltas.
Eu estava no mercantil (é como a gente chama surpermercado, aqui em fortaleza) e entre um corredor e outro, uma senhora passou por mim dizendo: "A menina me lembrou de uma coisa que eu não queria lembrar". Não sei por que razão essa frase ecoou em minha mente, mas sei que voltei para casa pensando nisso.
Existem coisas das quais nós não queremos lembrar? Se existem, quais são? Aliás, nós temos uma mania de coisificar certos sentimentos, não é? Bom, já que estamos falando sobre perguntas e coisificando sentimentos, pergunto-lhes: Será que queremos não lembrar de sentimentos que coisificamos? Ou será que mesmo não lembrando de coisas que não queremos lembrar acabamos lembrando mesmo quando esquecemos?
Que sentimos há no lembrar?
Que sentimentos há no esquecer?
Será que esquecemos o que lembramos?
Se esquecemos, não lembramos, certo?
Se lembramos é por que não esquecemos, certo?
Lembrança e esquecimento.
Não, não acho que o não-entendimento esteja aqui.
Acredito que o pior mesmo é quando fingimos que esquecemos só pra não lembrar. No entanto quem finge que esquece finge que não se lembra.
Na verdade a senhora no mercantil não esqueceu, apenas não queria ser lembrada daquilo que supostamente ela teria esquecido.
Fuga de não lembrar.

Na verdade as pessoas possuem problemas com certas lembranças.
Há lembranças que doem.
Dor pior é há que fingimos não sentir.
Como lidar com isso?
"...cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração" (Epitáfio, Titãs).
Há lembranças que é bom deixar pelo caminho, não é?
No entanto há caminhos que insistem em morar na lembrança.
Cada um sabe...

Que Deus nos ajude com lembranças que insistem em não ir embora
Que tal viajarmos na ideia de Jeremias?
"Quero trazer a memória aquilo que me traz esperança" (Lamentações de Jeremias 3.21).

Que seja assim, então.









J.R.S

O sussurro de uma conversa e um universo de pensamento se formou.