terça-feira, 18 de julho de 2023

Psiu! Em análise.


O olhar "defeitos" do outro, expurga os meus?

O desejo de ser notado, faz com que eu exponha o outro.

O desejo que eu tenho que o outro satisfaça em si mesmo seus próprios desejos é o resultado dos meus desejos que faço e realizo em mim mesmo.

A feiura dos outros abaixo de minhas pálpebras, é minha feiura que tento esconder.

O pecado que tanto combato no outro pode ser, consciente ou inconscientemente, o meu pecado abafado, reprimido, enjaulado, domesticado (...)

A vitória do outro pode ser a minha vitória que não consegui vencer e nele me realizo.

Será que é possível perceber?

Ver os fatos é ver um recorte da realidade que nos rodeia.

A realidade que vemos não é toda a realidade, na verdade, é toda realidade que podemos captar a partir do momento em que nos vemos inseridos dentro desta realidade.

A realidade é tudo aquilo na qual estou inserido.

Isso significa que no mundo onde estou inserido corro o risco de fazer comparações entre mim e um outro diferente de mim, mas que na verdade, não é tão diferente assim uma vez em que eu procuro descobrir no outro o que desejo resolver em mim.

Complexamente simples.

No entanto, fazer comparações adoece e apodrece o ser. Quando faço comparações corro o risco de expor, pelo menos dois tipos de complexo: superioridade ou inferioridade, ou seja, na comparação eu começo por cima ou por baixo e quase nunca do lado.

O mundo que me incomoda é o mundo diferente do meu. Incomoda tanto que eu passo a persegui-lo.

Caso eu passe a falar de bola durante 24h do meu dia, acredite, eu tenho um problema com bolas. Se eu passo a falar do fato de um outro procurar andar em um caminho reto, acredito, é porque estou andando em um caminho errado.

Tudo aquilo que eu, exageradamente reparo no outro, falta, na maioria das vezes, em mim.

Por isso, cultivar o silêncio e educar as palavras é um caminho.

O amor não é livre. Se o amor fosse livre ninguém amaria, pois o que é livre não é amado.

Bem, o que será ser livre?

O amor livre não é desejado porque o amor livre machuca. Se alguém deseja um amor livre está doente ou adoecido de suas emoções ou ainda não sabe o que é amor.

Ciúmes? Ah...

Eis ai, um problema.

Ciúmes, já dizia o poeta Rubem Alves, é a constatação de que o outro não é posse.

...e o amor livre?

Espelhos.

Olho de vidro.

Quando não estou bem na foto é porque o corpo não estava ajustado. Isto pode significar que eu tenho um corpo para a foto (pose) e um corpo que uso para o dia a dia. Ambos corpos são meus, mas qual o verdadeiro? Na foto, exibida via redes sociais, há sorrisos (...) quem sorrir? Eu ou a necessidade de expor que estou bem? 

Quem persegue o que está fazendo o "errado", o faz pelo bem ou porque deseja errar também? 

Nunca vi algo tão duro quanto o olhar denunciante de uma alma amarga. Não gozou a existência e a vida não lhe amou em nada.

O Psicanalista observa o paciente no Divã, mas quem está em análise é ele.


quarta-feira, 5 de julho de 2023

O Conceito de Revelação



Pois o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou (φανερόω -  phaneróō).



Faço isto para que o coração deles seja consolado e para que eles, vinculados em amor, tenham toda a riqueza da plena convicção do entendimento, para conhecimento do mistério (μυστήριον  - mystḗrion) de Deus, que é Cristo,



Revelação (ἀποκάλυψις - apokálypsis) de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando o seu anjo, deu a conhecer ao seu servo João, que atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu.



φανερόω -  phaneróō - apropriadamente, iluminar, tornar manifesto ( visível ); (figurativamente) tornar claro, à vista ; para se tornar aparente ("apreensível").

μυστήριον  - mystḗrion - não é algo incognoscível . Pelo contrário, é o que só pode ser conhecido por revelação , ou seja, porque Deus o revela.

ἀποκάλυψις - apokálypsis - A descoberta do que estava coberto. A manifestação do oculto.


A palavra "revelação", quando mencionada, evoca simbolismos, sonhos, desejos e expectativas. O que foi revelado? O que está sendo revelado? O que podemos conhecer do que foi revelado? A palavra revelação, em sua essência, significa justamente tirar o véu, descobrir, expor. É o ato de tornar claro, visível e iluminado aquilo que estava oculto, escondido e desconhecido.

No entanto, uma vez que algo é revelado, deixa de ser um mistério e se torna manifesto. A grande questão diante disso é: quando algo está oculto, escondido e afastado dos olhos, não há posições a serem tomadas, mas quando algo se torna manifesto, exige, de forma imperativa, uma decisão e uma posição daquele que teve os olhos abertos, daquele que presenciou a verdade nua, daquele cujo véu nos olhos não existe mais.

A revelação sobre Deus é um ato unilateral de Deus que deseja mostrar-se, manifestar-se diante do seu povo e diante de todos os povos.

A revelação coloca você diante de si mesmo ou de si mesma. Não há nada em oculto mais. Resta apenas um ato, uma ação: acolher o que foi revelado e caminhar desperto.

A revelação revela um Deus relacional que comunica seus pensamentos e seus planos, na medida do possível, a mentes humanas, finitas, frágeis e preguiçosas, muitas vezes, para absolvê-la.