quarta-feira, 20 de julho de 2016

42 anos e um Itinerário (3)





42 anos

É como saltar de uma linha para outra de olhos fechados e descobrir, de repente, que a vida está passando, bela, estonteante e arriscada.

Ainda gosto de uma risada que dar aquela dor na barriga: é bom demais! Não dispenso uma comédia, mas não sou idiota. Sei pegar e largar. Não fico bitolado em entretenimento que arranque meu foco.

Equilíbrio em tudo! Eu tento, mas confesso – tropeço nos livros (...) gosto de leituras. Às vezes sou voado – sempre fui, na verdade – mas nos últimos anos o quadro piorou (risos). Pasmem! Ainda gosto de ver o avião passar – mesmo em cima da moto (Tenso).

Fico hipnotizado: “Eu vi uma mulher preparando outra pessoa: o tempo parou para eu olhar aquela barriga” (Caetano Veloso). A Força que para uns é estranha, para mim já tem nome: Jesus!

Sou apegado as coisas que tenho, também piorou nos últimos anos – meu notebook tem seis anos de idade – já mandaram eu enterrá-lo – resisto firme. No entanto, minha moto já está cansada e me parte o coração – já não disponho de finanças para mantê-la respirar (espira com ajuda de aparelhos). Mesmo assim, não consigo deixa-la – sabe como é: primeira Motoca, Brother. Então, vou segurando tudo enquanto posso.

Gosto de trabalhar, depender de mim e de Deus, somente. Leciono e sou apaixonado pelo que faço – sou apaixonado – é, apaixonado.
Estou amadurecendo – “Quando o fruto fica maduro, não se pode condená-lo por se separar do Galho...” (Leloup).

42 anos

“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”

(Fernando Pessoa)



42 anos e um Itinerário (2)





Mudei...

Já não tenho forças para rodar o mundo – ele que gire só. Quero é subir em árvores e comer seriguela quente – voltar tarde para casa e receber aquele chazinho de minha mãe.

Saudades!

Mudei minhas leituras. Estou cansado de leituras frias, analíticas – quero coisas assim:

“- Não digam: Vamos fazer silêncio!
Parem de fazer barulho.
O silêncio desde todo sempre aí está”
(Leloup)

Entende? Não tenho medo dessas leituras – elas me colocam em lugares elevados. Já não leio apenas autores evangélicos e pasmem – acredito que existem alguns autores católicos bem melhores e verdadeiros do que alguns evangélicos gélidos e petrificados.

Não tenho medo de falar e por consequência, não tenho medo de ouvir. Há perguntas que me faço hoje que não as fiz ontem e isso me custaram um alto preço.

Não tenho problemas em pagar preços – mas tenho problemas na hora em que me aparecem negociações de certos valores.

Não me prendam! Não segurem em meu punho dizendo: “Fique aqui, menino levado” (risos). Serei desobediente.

“Prefiro ser, essa metamorfose ambulante – do que ter aquela opinião formada sobre tudo” (Raul Seixas). Na verdade, que sirva de registro, uma das poucas coisas que concordo com ele.

...sempre fui manso. Apanhei muito por isso – acredito que ainda vou apanhar muito. 
No entanto, sei bater sem encostar as mãos – o silêncio é uma opinião formada. Preservo minhas palavras – há pessoas que precisam delas em algum lugar de coração ferido.

Passo e fico” (Fernando Pessoa).

Estou largando os “por quês” é assim que se escreve?
Porque? Não sei. Não há respostas para “por quês” que sempre voltam.
Entre perguntar à Deus e deixar que ele se mostre – espero.

42 anos.

Embarco em uma nova jornada (...) todo ano é assim – planejo, me adapto e sigo em frente.

Quero a cada dia, dos dias que me são ofertados por Deus, tornar-me mais útil ou fazer com que a minha vida seja sempre um caminho de alegria para quem passa.
...acredito na vida.

“...meu Deus! Eu sei, que a vida deveria ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita – é bonita, é bonita e é bonita” (Gonzaguinha).

Quero me acercar de gente boa, honesta, sincera – gente como a gente que encara a realidade com todas as forças tentando modifica-la.

Não faço acepção: nem de cor, raça, poder econômico ou opção, seja ela de que natureza for. Estou tentando, repito, tornar-me discípulo de Jesus a cada dia e ele era acessível a todos. Ainda leio o Sermão do Monte agarrado em alguma coisa para não cair – é de estremecer.

Estou em busca de paz a cada momento, se alguém que gosta da guerra quiser aproximar-se, é melhor deixar cair as armas.

Pretendo descobrir novos caminhos de espiritualidade – um tipo de silêncio onde eu possa ouvir mais do que falar. Quero que minhas orações sejam diálogos sinceros com Deus. Nunca aprendi a fazer demandas diante de Deus em forma de oração. Não sei o que Deus deve ou não fazer, quando eu oro, procuro as palavras – não sei dar ordens em Deus. Ora, Deus não é para mim uma caixinha de Milagres – não quero milagres, se eu precisar de Milagres, Ele saberá – Quero é Deus! O sopro do Espírito em minha vida e a doce presença de Cristo.

Das pessoas? Não quero nada – quero apenas o que é meu e o que é para mim. Não brigo por nada, não discuto por nada – não quero saber mais do que eu possa saber.
Quero apenas seguir meu caminho, apenas seguir meu caminho – nada mais. Eu não sei se você entende, mas meu caminho não é perdido – sigo a Cristo.

Tenho uma árvore onde pouso e um fruto que me alimenta – para mim basta, e se Deus quiser dar-me mais, agradecerei e se não quiser, agradecerei – já tenho o caminho de casa e isso é tudo.

...andei muito.


42 anos

42 anos e um Itinerário





Confia à Verdade quanto da Verdade recebeste, e nada perderás; antes, tua podridão reflorescerá e serão curadas todas as tuas fraquezas, e serão retomadas e renovadas, estreitamente unidas a ti, tuas partes inconscientes; e já não te arrastarão para a ladeira por onde descem, mas permanecerão contigo para sempre onde está Deus, eterno e imutável.
(Confissões de Santo Agostinho)

Não precisamos de Fogo e Lenha para provocarmos um incêndio: Basta a verdade pela verdade (...) nada mais.

Deixa eu começar leve isso (risos).
Hoje eu completo e já não tenho mais 42 anos – é um pouco complicado explicar isso, demora muito e imagino que você não tenha paciência para ouvir, pois bem, nem eu tenho de explicar.

42 anos passa rápido, acredite.

Um sopro!

A gente aprende e des-aprende.

A gente não – vou deixá-los fora disso.

Eu aprendi e des-aprendi – aos passos, vou deixando um pouco pelo chão.

...encontrei e perdi – encontrei para perder e perdi para achar. É essa a dinâmica.
Incrível, mas os gostos mudam – toda aquela empolgação de a 20 anos atrás vai des-acelerando. Antes eu tinha pressa e andava devagar, mas agora ando devagar porque estou extremamente apressado. Já tive vontade de ser muitos, agora estou muito a fim de me transformar em mim mesmo.

Os conceitos mudam, são frágeis, as convicções não, elas são fortes e impenetráveis.
Existem verdades que nascem somente depois de serem golpeadas e falsificadas pela mentira.
É custoso de saber (...)
No entanto, saber sempre é custoso.

42 anos

Não tenho mais Gula por muita coisa, mas ainda sinto apetite de outras.
Não tenho Gula pelo sucesso, estou apetitoso pelo momento seguinte.
Não tenho Gula por riquezas, estou apetitoso pelo simples.

...meus olhos são apetitosos pela beleza – a doçura que se expressa num olhar de amor.

Gosto de terminar o dia – no final do dia, assim cansado, gosto de dormir na expectativa de sonhar com o Céu.

...não tenho Gula por perfumes, estou apetitoso pelo cheiro das Flores – aquelas dos jardins banhados pelo sereno da noite.
Não tenho Gula de Comer o que outros comem, estou apetitoso daquele cafezinho da tarde – sem pressa de acabar (...) o gosto do pãozinho, a cada mordida é como se eu sentisse o aroma do café preparado pela minha mãe.

Saudades!

Não tenho Gula por ter Fé ou demonstrar ter Fé mais do que qualquer outro – a certeza me assusta, mas é justamente por causa dela, que duvido. Estou apetitoso por aqueles sustos Divinos que me fazem a cada dia dizer: “Puxa!! Deus! Quase! ” (risos).

Não tenho Gula por sonhos que com o passar dos tempos, viram pesadelos. Estou apetitoso por sonhos novos – aqueles que nos fazem suspirar. Não tenho dificuldades de deixar a velha casa para trás (entende?) Sempre há materiais para construir casas novas. Despir-se, vestir-se – andar sem medo.

Não tenho Gula por ser reconhecido como evangélico (O que é isso?). Estou apetitoso por tornar-me discípulo de Jesus – e nisto já lhe dou muito trabalho.
...não consigo viver mais como se nada tivesse acontecendo (...) fingir não é o meu forte.

Desisti de postar fotos em redes sociais para mostrar uma maquiagem (entende?) Só posto quando me sinto livre para fazê-lo.

...não quero contar meus anos, mas peço a Deus sabedoria para contar meus dias e nada esperar mais dos dias que são vivendo na esperança dos dias que serão – Deus é meu dia.


Mudei.