domingo, 5 de abril de 2020

βαθύς, εῖα, ύ


"Senhor, não tens corda, não há como navegar até la, o poço é fundo: de onde pois tiras essa água viva?" (Jo 4.11 - parafrase)

A Mulher samaritana viu o poço, ela conhecia-o.
O Poço continua profundo e o poço essencial, o profundo misterioso, ela não conhecia.

O Poço continua profundo.
O desejo no intimo do ser humano, também.

Como tirar a água?
Como correr em direção ao profundo sem perder a calma?
Onde encontrar o Braço que não cansa?
Onde ancorar a esperança?

O Poço continua profundo.
O desejo no intimo do ser humano, também.

--- Senhor!, eu preciso de uma corda para descer a bilha até o fundo porque o poço é profundo.

A bilha dos recursos que possuímos.
A Bilha das nossas metodologias.
A Bilha das nossas liturgias.
A Bilha de nossas intenções.

Ela possui corda e Bilha.
Mas não possui a água que mata a sede.

Do que adianta?
Bilha e cordas.
...água que molha os lábios e eles permanecem secos.
O desejo no eixo do ser, saliva a boca da insatisfação essencial.

A satisfação não está na bilha e na corda.
...está no profundo do poço.

---Tu não tens cordas e nem bilhas. Onde tens a água viva?

"Quão profundas são as tuas obras, Senhor!".

Ele é a bilha, a corda e a água.

---Ainda terás Sede, se beberes dessa água - Disse aquele que sacia a sede essencial no fundo do profundo do interior humano.

Tu não podes produzir o raio do Sol: ele vem até a ti.
Não podes tocar as estrelas: elas brilham para o deleite do teu olhar.

O poço é profundo.
O desejo no intimo do ser humano, também.

Nenhuma realidade material poderá apaziguar nosso desejo essencial.
Produzimos a porção do dia, mas não a da eternidade.

A sede, nossa de cada dia dai-nos hoje!!!
...e a água, também.

Matas-me de sede, se a mim tu não vens!
Presa a alma em mim...
Liberta-me!

A carência eterna não pode ser satisfeita por realidades temporais.

Aprisionada a alma, na pedra da letra, morre a míngua buscando na aridez da rocha, a água que só pode ser encontrada no rio que flui para a vida eterna.

O Poço é profundo.
O desejo no intimo do ser humano, também.

Como apressar os passos, tendo os pés presos?
Como voar, tendo as asas comprometidas?
Como comer do fruto da árvore da vida, tendo a boca cheia do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal?
Como andar na Luz arrastando as trevas?
Como matar a sede com a água da vida quando se caminha todo dia as águas do poço cujas as águas molham os lábios e ressecam a boca?

O Poço é profundo.
O desejo no intimo do ser humano, também.

O que aqui experimentamos de Deus, é eco...
Suba a montanha...
Sua voz estará lá.