terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

CIÚMES






... o amor não arde em ciúmes” (I Co 13.4).


 Ciúme é a consciência de que o objeto amado, não é posse”.                                                       

(Rubem Alves)



Assuntozinho complicado esse não é verdade? Mas assuntos complicados existem para serem bem debatidos.

O ciúme é um tema em que paira algumas lendas de argumentação tipo: ciúmes é o tempero da relação! Porém surge a pergunta: "Será que não é tempero demais?" Ainda dentro desse raciocínio alguns afirmam categoricamente: "Quem não tem ciúmes da mulher que tem ou do homem que tem é por que não ama". Sendo assim, amor e ciúme seriam a mesma coisa? O amor e o ciúme co-existem num mesmo espaço? Ainda dentro desse pensamento existem pessoas que afirmam: "Ciúme é um bom sinal; sinal de quê o outro é importante". Então o ciúme vai medir o grau de importância que o outro tem numa relação? Complicado isso, não acham?

O texto bíblico acima fala-nos que o amor não arde em ciúmes. Ora sendo assim amor e ciúme não são a mesma coisa, certo? Sendo assim, o ciúme não é o tempero da relação, certo? Sendo assim o ciúme não é bom sinal, certo? Sendo assim o ciúme não é ciumedromêtro para medir o grau de importância que o “outro” tem dentro da relação, certo?

Digo isso visto que o texto acima citado, dentro do original grego (língua em que fora escrito o Novo Testamento) refere-se ao ciúme, pelo menos neste texto específico, como algo mau. Aqui no texto o ciúme é visto como algo desagregador, ou seja, algo que dividi, afasta, destrói e inflama.

Diante de tal conceito, o que poderíamos falar sobre ciúme? O que de fato pode vir a ser o ciúme? Bom o ciúme que não é amor e não é tempero na relação, muito provavelmente é:



  • A sensação de ausência no outro.
  • O anúncio de que o outro da relação não é o amor, mas a propriedade do ser que ilusoriamente diz amar.
  • O medo de ser trocado (a).
  • In-segurança.
  • A certeza de que o outro o trairá, talvez não com o corpo, mas com a alma.
  • A sensação de perder o olhar do objeto amado.
  •  Des-respeito.
  •  Inveja metamorfoziando-se.
  •  Tragédia anunciada.
  • Atestado da incapacidade de ser amado (a) pelo outro sem o recurso da discussão.
  • Cruel desconfiança.
  • Ciúme é uma placa que um coloca no outro com o seguinte dizer: NÃO CHEGUE PERTO, POIS TEM DONO (A)”.



Acredito que ciúme é mais ou menos isso citado acima e acredito também que a lista acima esta longe de ser exausta.

Que Deus nos livre (e nós também) de sermos pessoas ciumentas e de cairmos nas mãos de pessoas ciumentas.

O amor sem ciúme é sorvete gostoso em tempos de calor.









J.R.S

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Palavras No Silêncio




E eis que uma mulher Cananéia, que viera daquelas regiões, clamava: Filho de Davi tem compaixão de mim! Minha filha esta horrivelmente endemoninhada. Ele, porém, não lhe respondeu palavra” (Mt. 15. 22,23).



Ah, no terrível silêncio do quarto o relógio com seu som de silêncio!

 Monotonia!

 Quem me dará outra vez a minha infância perdida?

 Quem ma encontrará no meio da estrada de Deus –

 Perdida definitivamente, como um lenço no comboio”.



Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)


                     ...sobre o silêncio em face da pergunta: talvez a resposta não esteja pronta. Talvez, quem vai dar a resposta não esteja pronto. Talvez, quem vai receber a resposta não esteja pronto. Talvez a resposta já foi dada em forma de silêncio (...) talvez não hajam respostas.

O silêncio às vezes não é bem visto: os silenciosos também não. No entanto o silêncio nada mais é do que uma palavra não dita com palavras verbalizadas, mas palavras ditas nas entrelinhas das palavras não ditas. Ao contrário das palavras verbalizadas que só podem ser ouvidas através dos ouvidos, o silêncio que também é palavra, não pode ser ouvido com os ouvidos: se ouve o silêncio com a sensibilidade. Sensibilidade não é todo ser humano que possui, mas os que possuem sensibilidade sabem muito bem do que estou falando.
Jesus deparou-se com uma mulher que estava com um problema: sua filha estava possessa por um espírito maligno. Ela não possuía mais recurso nenhum e numa única oportunidade que teve, suplicou a Jesus que ajudasse a sua filha. Diz o texto acima que Jesus não lhe respondeu "Palavra". Você prestou atenção? Jesus não lhe respondeu palavras. Isto não quer dizer, necessariamente, que Jesus naquele momento de silêncio não lhe tenha respondido.
Estamos acostumados a ter respostas em forma de palavras por isso que às vezes não escutamos Jesus falar. Ao contrário do que pensamos, ele fala e fala muitas vezes durante o dia: quando estamos dirigindo, quando entramos no supermercado, quando fazemos caminhada, quando assistimos a um filme, quando ouvimos uma musica, quando olhamos os pássaros, quando colhemos uma flor, em fim, Jesus fala conosco a todo o momento, se necessário. Por que às vezes não ouvimos? Por que estamos presos a "Palavras".

Quando entendermos a voz do silêncio através da palavra não dita, perceberemos o quanto tempo perdemos esperando respostas que Deus, possivelmente, já nos deu.
Aquela menina estaria com sua infância perdida caso Jesus não tivesse aparecido propositadamente ali, mas Jesus estava por perto e no meio da estrada de Deus, ele a recuperou respondendo a oração de uma mulher que esperou Nele a sua redenção.
É preciso fazer silêncio por dentro para ouvir as palavras silenciosas de Deus.


Ptsiu!!!!!!





J.R.S

Silenciosa-mente




domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Amizade No Contexto Filosófico

     


      Sartre dizia que o inferno são os outros, mas Vinicius de Morais dizia que inferno é a ausência do outro.

     Pura contradição. Tudo indica que para Sartre o outro era inferno quando tornava-se instrumento de perturbação, de agonia, de inquietação. Para Vinicius, o inferno era ausência do outro no sentido que o encontro com o outro fosse produtivo e construísse amizades. O poeta Mário Quintana dizia que a amizade é um amor que nunca morre. Para a filosofia, a amizade pode nos ajudar a melhorar o endereço existencial, ou seja, a possibilidade que temos de melhorar as condições históricas de nossa existência.

     O momento histórico em que vivemos é muito propício para falarmos sobre amizades visto que vivemos num momento meio que cibernéticos onde a amizade relacional passou a ser a amizade virtual. A amizade como tema de discursão filosófica cabe bem na reflexão de Aristóteles que dizia: “A amizade pode ajudar os jovens a evitar o erro, auxilia os mais velhos na medida em que serão amparados em suas necessidades e os que estão em pleno vigor da idade”. Para Aristóteles, amigos são pessoas que andam juntas e por isso são mais capazes de pensar e agir juntas.

     O que torna a leitura desse tema tão significativo a partir de Aristóteles são as três definições que ele apresenta sobre amizade. Para o filosofo Aristóteles o primeiro tipo de amizade é a amizade útil. São aqueles que fundamentam a amizade no interesse, amam-se por causa da utilidade que o outro tem. Este tipo de amizade ocorre principalmente entre os mais velhos. O Segundo tipo de amizade é a amizade agradável. É justamente a amizade que produz conforto e faz bem, mas corre o risco de tornar-se interesseira. Terceiro tipo de amizade é a amizade ideal. É aquela que existe entre os homens que são bons e semelhantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um no outro de modo idêntico, e são bons em si mesmos.

     Uma amizade desta natureza requer tempo e prática. Um desejo de amizade pode até surgir depressa, porém a amizade não. Considerando os fatos expostos, pode-se dizer que a amizade é um conceito aplicável a todas as formas de relações sociais. Segundo Aristóteles a amizade é mais importante do que a justiça. Ele diz que: “Quando os homens são amigos não necessitam da justiça ao passo que mesmo os homens justos necessitam de amizades; e considera-se que a mais autêntica forma de justiça é uma espécie de amizade". Para Aristóteles, o sumo bem é a idéia de felicidade, e ela para ser alcançada, necessita da ajuda de amigos virtuosos.







J.R.S





sábado, 4 de fevereiro de 2012

...Não Tinha Sinais, Mas Havia Verdade




"Novamente se retirou para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio; e ali permaneceu. E iam muitos ter com ele e diziam: realmente, João não fez nenhum sinal, porém tudo que disse a respeito deste era verdade. E muitos ali creram nele" (Jo 10. 40-42).

A leitura do texto se faz com os olhos, mas a mensagem só se apresenta através do olhar.
Fico paralizado degustando certas mensagens que Deus transmite à mim todas as vezes que meu olhar se encontra com um texto como este descrito a cima. Cada detalhe, cada palavra, cada colocação é uma lição que aprendo. As letras dançam em nossa frente em forma de leitura, mas o que está por trás da linha é a música que nos faz dançar.

O texto nos fala de valores, de reconhecimento e da importância que damos ao que acreditamos e vivemos como fé.

A essa altura do texto, João já havia sido decaptado e Jesus estava no lugar onde o profeta fazia os batismos. Um fato interessante é que alguém fez uma declaração formidável e digna de reflexão. Certa pessoa chegou e disse o seguinte: "...João não fez nenhum sinal, porém tudo quanto ele disse a respeito deste era verdade". O ministério de João não tinha como base os sinais, mas havia verdade. Não haviam milagres, milagres nos termos em que nós conhecemos, que poderiam colocar João em evidência, mas havia verdade. Não era uma explosão! Não tinha gente contando testemunho a todo instante, mas havia verdade. Não tinha campanha disso ou daquilo, mas havia verdade. Não tinha propaganda tipo: "Venha! Temos reunião ás 9h, ás12h, ás 15h, ás 18h, venha receber  seu milagre!", mas havia verdade.

É verdade, João tinha uma forma esquisita de se apresentar, mas havia verdade. Era radical, mas havia verdade. Não era o Messias, mas havia verdade.

Será que é possivel ter um ministério com Base em milagres e promessas disso e daquilo e não ter a verdade?

É bom pensarmos, não é?

João não fez nenhum sinal, mas o que disse a respeito de Jesus era verdade.

O que você escolhe: Sinais ou a verdade? Um ministério baseado em sinais ou em verdade?

É possivel ter os dois?

João tinha apenas a verdade, mas não tinha sinais. Será que o ministério dele era de Deus? Será que ele era de Deus?

Há tanta gente que valoriza os sinais e esquece do que é verdadeiro.

Se eu tenho alguma coisa contra os sinais? Não, não tenho. Mas seria tão bom que os sinais de hoje fossem feitos tendo como base a verdade.

Nem todos são.

Às vezes eu escuto explosão retóricas nas pregações, mas não ouço verdade.

Jesus era a verdade de João...

Qual é a sua verdade?







J.R.S