quarta-feira, 20 de julho de 2016

42 anos e um Itinerário (2)





Mudei...

Já não tenho forças para rodar o mundo – ele que gire só. Quero é subir em árvores e comer seriguela quente – voltar tarde para casa e receber aquele chazinho de minha mãe.

Saudades!

Mudei minhas leituras. Estou cansado de leituras frias, analíticas – quero coisas assim:

“- Não digam: Vamos fazer silêncio!
Parem de fazer barulho.
O silêncio desde todo sempre aí está”
(Leloup)

Entende? Não tenho medo dessas leituras – elas me colocam em lugares elevados. Já não leio apenas autores evangélicos e pasmem – acredito que existem alguns autores católicos bem melhores e verdadeiros do que alguns evangélicos gélidos e petrificados.

Não tenho medo de falar e por consequência, não tenho medo de ouvir. Há perguntas que me faço hoje que não as fiz ontem e isso me custaram um alto preço.

Não tenho problemas em pagar preços – mas tenho problemas na hora em que me aparecem negociações de certos valores.

Não me prendam! Não segurem em meu punho dizendo: “Fique aqui, menino levado” (risos). Serei desobediente.

“Prefiro ser, essa metamorfose ambulante – do que ter aquela opinião formada sobre tudo” (Raul Seixas). Na verdade, que sirva de registro, uma das poucas coisas que concordo com ele.

...sempre fui manso. Apanhei muito por isso – acredito que ainda vou apanhar muito. 
No entanto, sei bater sem encostar as mãos – o silêncio é uma opinião formada. Preservo minhas palavras – há pessoas que precisam delas em algum lugar de coração ferido.

Passo e fico” (Fernando Pessoa).

Estou largando os “por quês” é assim que se escreve?
Porque? Não sei. Não há respostas para “por quês” que sempre voltam.
Entre perguntar à Deus e deixar que ele se mostre – espero.

42 anos.

Embarco em uma nova jornada (...) todo ano é assim – planejo, me adapto e sigo em frente.

Quero a cada dia, dos dias que me são ofertados por Deus, tornar-me mais útil ou fazer com que a minha vida seja sempre um caminho de alegria para quem passa.
...acredito na vida.

“...meu Deus! Eu sei, que a vida deveria ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita – é bonita, é bonita e é bonita” (Gonzaguinha).

Quero me acercar de gente boa, honesta, sincera – gente como a gente que encara a realidade com todas as forças tentando modifica-la.

Não faço acepção: nem de cor, raça, poder econômico ou opção, seja ela de que natureza for. Estou tentando, repito, tornar-me discípulo de Jesus a cada dia e ele era acessível a todos. Ainda leio o Sermão do Monte agarrado em alguma coisa para não cair – é de estremecer.

Estou em busca de paz a cada momento, se alguém que gosta da guerra quiser aproximar-se, é melhor deixar cair as armas.

Pretendo descobrir novos caminhos de espiritualidade – um tipo de silêncio onde eu possa ouvir mais do que falar. Quero que minhas orações sejam diálogos sinceros com Deus. Nunca aprendi a fazer demandas diante de Deus em forma de oração. Não sei o que Deus deve ou não fazer, quando eu oro, procuro as palavras – não sei dar ordens em Deus. Ora, Deus não é para mim uma caixinha de Milagres – não quero milagres, se eu precisar de Milagres, Ele saberá – Quero é Deus! O sopro do Espírito em minha vida e a doce presença de Cristo.

Das pessoas? Não quero nada – quero apenas o que é meu e o que é para mim. Não brigo por nada, não discuto por nada – não quero saber mais do que eu possa saber.
Quero apenas seguir meu caminho, apenas seguir meu caminho – nada mais. Eu não sei se você entende, mas meu caminho não é perdido – sigo a Cristo.

Tenho uma árvore onde pouso e um fruto que me alimenta – para mim basta, e se Deus quiser dar-me mais, agradecerei e se não quiser, agradecerei – já tenho o caminho de casa e isso é tudo.

...andei muito.


42 anos

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