Mudei...
Já não tenho forças para rodar o mundo – ele que gire só. Quero é subir
em árvores e comer seriguela quente – voltar tarde para casa e receber aquele
chazinho de minha mãe.
Saudades!
Mudei minhas leituras. Estou cansado de leituras frias, analíticas –
quero coisas assim:
“- Não digam: Vamos
fazer silêncio!
Parem de fazer
barulho.
O silêncio desde todo
sempre aí está”
(Leloup)
Entende? Não tenho medo dessas leituras – elas me colocam em lugares
elevados. Já não leio apenas autores evangélicos e pasmem – acredito que
existem alguns autores católicos bem melhores e verdadeiros do que alguns
evangélicos gélidos e petrificados.
Não tenho medo de falar e por consequência, não tenho medo de ouvir. Há
perguntas que me faço hoje que não as fiz ontem e isso me custaram um alto
preço.
Não tenho problemas em pagar preços – mas tenho problemas na hora em que
me aparecem negociações de certos valores.
Não me prendam! Não segurem em meu punho dizendo: “Fique aqui, menino
levado” (risos). Serei desobediente.
“Prefiro ser, essa metamorfose ambulante – do que ter aquela opinião
formada sobre tudo” (Raul Seixas). Na verdade, que sirva de registro, uma das
poucas coisas que concordo com ele.
...sempre fui manso. Apanhei muito por isso – acredito que ainda vou
apanhar muito.
No entanto, sei bater sem encostar as mãos – o silêncio é uma
opinião formada. Preservo minhas palavras – há pessoas que precisam delas em
algum lugar de coração ferido.
“Passo e fico” (Fernando Pessoa).
Estou largando os “por quês” é assim que se escreve?
Porque? Não sei. Não há respostas para “por quês” que sempre voltam.
Entre perguntar à Deus e deixar que ele se mostre – espero.
42 anos.
Embarco em uma nova jornada (...) todo ano é assim – planejo, me adapto
e sigo em frente.
Quero a cada dia, dos dias que me são ofertados por Deus, tornar-me mais
útil ou fazer com que a minha vida seja sempre um caminho de alegria para quem
passa.
...acredito na vida.
“...meu Deus! Eu sei, que a vida deveria ser bem melhor e será, mas isso
não impede que eu repita – é bonita, é bonita e é bonita” (Gonzaguinha).
Quero me acercar de gente boa, honesta, sincera – gente como a gente que
encara a realidade com todas as forças tentando modifica-la.
Não faço acepção: nem de cor, raça, poder econômico ou opção, seja ela
de que natureza for. Estou tentando, repito, tornar-me discípulo de Jesus a
cada dia e ele era acessível a todos. Ainda leio o Sermão do Monte agarrado em
alguma coisa para não cair – é de estremecer.
Estou em busca de paz a cada momento, se alguém que gosta da guerra
quiser aproximar-se, é melhor deixar cair as armas.
Pretendo descobrir novos caminhos de espiritualidade – um tipo de
silêncio onde eu possa ouvir mais do que falar. Quero que minhas orações sejam
diálogos sinceros com Deus. Nunca aprendi a fazer demandas diante de Deus em
forma de oração. Não sei o que Deus deve ou não fazer, quando eu oro, procuro
as palavras – não sei dar ordens em Deus. Ora, Deus não é para mim uma caixinha
de Milagres – não quero milagres, se eu precisar de Milagres, Ele saberá –
Quero é Deus! O sopro do Espírito em minha vida e a doce presença de Cristo.
Das pessoas? Não quero nada – quero apenas o que é meu e o que é para
mim. Não brigo por nada, não discuto por nada – não quero saber mais do que eu
possa saber.
Quero apenas seguir meu caminho, apenas seguir meu caminho – nada mais.
Eu não sei se você entende, mas meu caminho não é perdido – sigo a Cristo.
Tenho uma árvore onde pouso e um fruto que me alimenta – para mim basta,
e se Deus quiser dar-me mais, agradecerei e se não quiser, agradecerei – já tenho
o caminho de casa e isso é tudo.
...andei muito.
42 anos
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