quarta-feira, 28 de julho de 2021

A Psicologia e sua Importância Para o ambiente Cristão

 

Como já sabemos empírica e cientificamente falando, o ser humano é uma complexidade de sentimentos, de ações, pensamentos e reações. Há uma busca constante de autoafirmação daquilo que se é. Mas o que se é? Como se é? É preciso fazer uma leitura do ser humano e suas complexidades, mas fazê-la de uma forma sistemática e pesquisadora.

Em um período de tantas perdas, guerras e luta pela sobrevivência é claro que o interior humano vai se desgastando e isso sugere que ele seja acompanhado e ouvido para que suas feridas, traumas e dores possam ser ao longo do tempo, sanadas. Para isso é que a psicologia como instrumento terapêutico serve: para auxiliar o ser humano tanto nas buscas de si mesmo, quanto nas interrogações e problemas emocionais.

No entanto a psicologia é um campo vastíssimo e vamos aqui falar um pouco o que é psicologia, de sua importância para a igreja cristã e para o meio eclesiástico e Clerical.

Todo assunto a ser abordado como objeto de estudo ou de pesquisa, deve antes de qualquer outra coisa, ser definido.

 A psicologia, nosso objeto de reflexão é uma área de atuação e de pesquisa que estuda o comportamento humano. Enquanto ciência, a psicologia se interessa em compreender o ser humano em sua totalidade, em sua relação com o mundo, a sociedade como como a si mesmo. Por isso os profissionais que trabalham nessa área tentam explicar as várias formas de agir do ser humano: seus pensamentos, comportamentos e emoções são observados visando entender e compreender certas atitudes. Como o ser humano é essa complexidade de sentimentos e pensamentos, a psicologia atua na área de detectar possíveis problemas emocionais ou mentais que estejam prejudicando o andamento da vida normal de uma pessoa.

É importante enfatizar que qualquer pessoa esta sujeito a passar por dificuldades emocionais e enfrentar algum tipo de distúrbio. Digo isso porque em minha concepção “todos” são “todos”. Inclusive pessoas que são adeptos de religiões e no caso aqui especifico as pessoas que congregam em igrejas cristãs. As igrejas tem tido um crescimento considerável no Brasil e todo crescimento populacional, traz também seus problemas. É neste aspecto que a psicologia vai mostrar a sua importância.

Há diversos artigos que apregoam em alto e bom som que psicologia e igreja são antagônicas e por consequências inconciliáveis. No entanto diante de tal declaração podemos medir o grau de ignorância que algumas pessoas possuem por não tratar o assunto de um modo geral, mas simplesmente especifico.

Quando observamos algumas ferramentas utilizadas pela psicologia para o tratamento de algumas doenças emocionais, percebemos que elas podem ser aplicadas a igreja sem dano algum, claro, colocando tais ferramentas a disposição de uma boa reflexão bíblica. Assim sendo creio que a psicologia é importante para a igreja nos seguintes aspectos.

1.       No Sentimento de Culpa. Várias pessoas chegam à igreja e estão na igreja envolvidas com sentimento de culpa e isso acontece porque nesta estrada da vida se comete muitos erros, anda-se por várias estradas cuja terra é cheia de pedras pontiagudas. Feridas, essas pessoas se dirigem a igreja que a principio, é o instrumento de Deus para socorrê-las ajuda-las e restaurá-las. Aqui as pessoas podem se utilizar da psicologia para tentar entender que tipo de culpa essa pessoa carrega. Nessa abordagem a preocupação básica de quem recebe na igreja, uma pessoa com sentimento de culpa deve ter em mente em sua abordagem o que a pessoa fez e o que a levou a fazer. Se ela tem um sentimento de culpa é porque provavelmente fez alguma coisa que, ou sua consciência, ou a sociedade, ou a família, ou alguém dita como errado. Assim sendo é importante diferenciar os tipos de sentimento de culpa.

 

·         Culpa real.

·         Culpa neurótica.

·         Culpa existencial.

O primeiro a aparecer na lista é o sentimento de culpa real e este sentimento existe porque a própria consciência em conjunto com a comunidade testificam que realmente houve um erro ou como é de comum em comunidades cristãs, houve pecado. A Culpa real vem, não de um sentimento duvidoso de culpa, mas de um sentimento real de culpa. Vem de uma culpa real. Ou seja, aconteceu de fato.

O segundo a aparecer na lista é o sentimento de culpa neurótica e esse sentimento não vem por um sentimento objetivo de culpa como acontece na culpa real, mas ele aparece como sentimento subjetivo de culpa. O sujeito sofre com a culpa porque acredita plenamente que é culpado quando toda comunidade ao seu redor diz o contrário. A culpa neurótica vem caminhando pela estrada do mundo imaginário, ou seja, essa culpa só existe na imaginação do sujeito.

O terceiro a aparecer na lista é a culpa existencial e tudo indica que, a culpa existencial é produzida normalmente em cada ser humano. Este ser humano possui uma culpa existencial encravada no seu ser que o deixa sentindo-se quebrado, meio metade e assim se sentindo, sai em busca de se encontrar inteiro. Neste momento entra a igreja e apresenta Jesus que, através do Espírito Santo vai trabalhar esse ser humano até que ele chegue à estatura de varão perfeito.

Em uma análise detalhada de cada sentimento exposto acima, logo entenderemos que esse tipo de sentimento é comum em nossa sociedade e também nas igrejas cristãs. O que a igreja precisa realmente é saber como lidar com cada um deles para que as pessoas que procuram refúgio e auxilio possam encontra-los.

2.       O sentimento de inferioridade. Esse é outro tipo de sentimento comum tanto na sociedade secular quanto nas comunidades cristãs e os motivos que levam a desencadear tais sentimentos também são vários. Às vezes tal sentimento desenvolve-se durante a adolescência, às vezes vem do tempo de criança e ainda às vezes ocorre na fase adulta, depende muito do momento em que a pessoa esteja passando ou enfrentando. O trabalho do psicólogo tendo como instrumento as ferramentas adequadas da psicologia e o conhecimento da Escritura Sagrada é diagnosticar o que está causando tal sentimento de “ser” inferior. É assim que uma pessoa se sente quando nela se desenvolve esse sentimento: “ser” inferior. O que muitas vezes lamento é que no mundo eclesiástico as pessoas relegam um sentimento de inferioridade a apenas uma ação diabólica. Por exemplo: quando alguém aparece na igreja com sentimento de inferioridade, tratam logo em dizer: “Isso é coisa do Diabo!”. E creio que em uma determinada esfera de ação o Diabo se aproveite do momento, mas não creio que toda ação é patrocinada por ele. Há pessoas que se sentem inferiores a outros por não ter conseguido realizar um sonho ou coisas semelhantes. No entanto ela nutriu esse sonho a cada dia. Existe uma poesia de Fernando Pessoa que fala um pouco sobre isso: “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. A parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. (Poemas de Álvaro Campos: obra poética/Fernando Pessoa; organização, introdução e notas Jane Tutikian – Porto alegre, RS: L&M, 2008 p. 160). O texto fala por si, não carece de interpretação. O fato é que todos nós somos sujeitos a transitar nesta via de variações psicológicas. Por isso a igreja dispõe da psicologia como instrumento para auxiliar o processo de cura das doenças emocionais.

3.    O sentimento de baixa estima alta. Aqui está a soma dos dois sentimentos citados acima. A baixa autoestima tem levado muitas pessoas ao ostracismo e depressão. Esse é o tipo do sentimento que agrega em si todo sentimento de in-potencialidade. É a sensação de não ter forças, de não ter pique, de faltar às pernas na hora da corrida. A alta-baixa-estima tem influência direta na vida cotidiana do individuo e pode alterar todas as expectativas a respeito de qualquer coisa. Pode não parecer, mas a igreja está cheia de gente assim. São membros, obreiros e até pastores que se encontram nessa situação, mas claro, não deixam transparecer porque, afinal de contas, o que vão dizer de um cristão com alta-estima-baixa? É justamente desse ostracismo, dessa hibernação, desse casulo que vão nascer às doenças emocionais. O agravamento dessas doenças não vem da doença em si, mas da negação da doença, ou seja, quanto mais eu nego que estou doente mais doente eu fico porque nego. Daí nasce aquela velha dor existencial que tem haver com o modo de como você se vê e vê o mundo ao seu redor. A projeção do olhar vai criando o universo aonde você transita. Certa vez Jesus disse: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus todo o teu corpo estará em trevas” (Lc. 11.34). É no olhar a si e as coisas que os sentimentos brotam. Cristo nos deu essa dica para pratica diária. Façamos assim então.


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