“...não
podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (Atos 4.20)
A reforma protestante foi
um movimento que provocou rupturas e portanto, historicamente falando, é quase
impossível haver algum tipo de reforma, sem algum tipo de ruptura.
Em síntese, a reforma
protestante foi um movimento que se propôs a reforma a Igreja cristã na idade
média quando as suas estruturas doutrinárias estavam em um estado de
decomposição. No entanto, houveram muitas resistências por parte do clero e os
primeiros reformadores não tiveram muito êxito em suas tentativas. Muitos foram
executados, acusados de heresia contra a Igreja, observem: eles foram
executados por heresias contra a igreja e não contra a Escritura Sagrada. Dentre
os reformadores executados, podemos citar John Huss que foi condenado por
reagir aos impostos cobrados pela igreja, por negar a transubstanciação e as
indulgencias. Huss foi executado na boêmia, região do império romano Germânico.
Anos depois, surgiu no
cenário histórico um monge agostiniano chamado Martinho Lutero que se impôs fortemente
contra a deformação do cristianismo patrocinada pela a igreja apostólica católica
romana.
Lutero deflagra a reforma
a partir de suas convicções pessoais no que dizia respeito as Escrituras Sagradas.
Ele vivia em constante dilema e conflitos com Deus, mas seu encontro com
a verdade das Escrituras o ajudou a minimizar seus dilemas, porém, eles,
historicamente falando, nunca acabaram. Lutero descobre que a salvação é um Dom de Deus e ela não acontece via obras humanas. Neste período, a Igreja vendia indulgências que, perdoavam tanto os pecados de quem as adquiria quanto os pecados dos entes queridos que já haviam falecido.
Lutero
então, nas Escrituras descobre o evangelho que dizia: o justo viverá pela fé,
pois é pela fé que se manifesta a justiça de Deus.
Martinho Lutero, ao se deparar com uma verdade tão estarrecedora, tenta promover reformas na igreja através de seus sermões e artigos, mas descobre ao final que isso não pode
acontecer sem o confronto e a ruptura.
Essa é uma das principais
mensagens da Reforma Protestante: não há reforma sem ruptura.
Jesus dizia: “Não se coloca tampouco vinho novo em odres
velhos; do contrário, os odres se rompem, o vinho se derrama e os odres se
perdem. Coloca-se, porém, o vinho novo em odres novos, e assim tanto um como
outro se conservam”. (Mt 9.17).
Qualquer movimento que se proponha substituir a mentalidade antiga, tradicional e apegada mais a costumes do
que ao evangelho, enfrentará sem sombras de dúvidas a resistência de Odres
velhos.
Lutero enfrentou isso. No
entanto conseguiu com a ajuda de outros, levar adiante o seu projeto de
reforma, mas isso, não sem confronto, sem luta e sem rupturas.
A Reforma Protestante
completa 503 anos e o que mudou? O que ainda precisa mudar? Qual a relevância essencial
da reforma, fora seu aspecto histórico?
A Reforma foi um achado
do evangelho que estava guardado nas prateleiras empoeiradas das tradições e
costumes da igreja na idade média.
Onde está o Evangelho
hoje?
A reforma deixou seu
legado e seus principais pilares são: Sola Fide, Sola scriptura, sola cristus,
sola gratia e soli deo glória.
A Igreja Cristã
Evangélica, sim! Porque se é evangélica, baseia-se no evangelho – a igreja vive
esses princípios? Ou ela, novamente se perdeu nos porões das tradições,
costumes e atualmente, na indústria do entretenimento e no antropocentrismo?
Não há um ambiente para a
reforma como houve no tempo de Lutero, mas é visível a necessidade de novamente
redescobrir o evangelho da Graça, o Cristo que é o Salvador, a Escritura que
não é um manual para sabermos como arrancar algo de Deus, a Fé que não é um interruptor que apertamos e as coisas acontecem e a Glória de Deus que muitos tentam
dividir entre os artistas gospels.
A Igreja Reformada,
sempre se reformando – lema da reforma.
...e quem desejar promover
qualquer reforma, terá que enfrentar o risco de rupturas e não apenas rupturas
institucionais, mas intelectuais e sociais.
Quem é apto para isto?
Soli Deo Glória