O olhar "defeitos" do outro, expurga os meus?
O desejo de ser notado, faz com que eu exponha o outro.
O desejo que eu tenho que o outro satisfaça em si mesmo seus próprios desejos é o resultado dos meus desejos que faço e realizo em mim mesmo.
A feiura dos outros abaixo de minhas pálpebras, é minha feiura que tento esconder.
O pecado que tanto combato no outro pode ser, consciente ou inconscientemente, o meu pecado abafado, reprimido, enjaulado, domesticado (...)
A vitória do outro pode ser a minha vitória que não consegui vencer e nele me realizo.
Será que é possível perceber?
Ver os fatos é ver um recorte da realidade que nos rodeia.
A realidade que vemos não é toda a realidade, na verdade, é toda realidade que podemos captar a partir do momento em que nos vemos inseridos dentro desta realidade.
A realidade é tudo aquilo na qual estou inserido.
Isso significa que no mundo onde estou inserido corro o risco de fazer comparações entre mim e um outro diferente de mim, mas que na verdade, não é tão diferente assim uma vez em que eu procuro descobrir no outro o que desejo resolver em mim.
Complexamente simples.
No entanto, fazer comparações adoece e apodrece o ser. Quando faço comparações corro o risco de expor, pelo menos dois tipos de complexo: superioridade ou inferioridade, ou seja, na comparação eu começo por cima ou por baixo e quase nunca do lado.
O mundo que me incomoda é o mundo diferente do meu. Incomoda tanto que eu passo a persegui-lo.
Caso eu passe a falar de bola durante 24h do meu dia, acredite, eu tenho um problema com bolas. Se eu passo a falar do fato de um outro procurar andar em um caminho reto, acredito, é porque estou andando em um caminho errado.
Tudo aquilo que eu, exageradamente reparo no outro, falta, na maioria das vezes, em mim.
Por isso, cultivar o silêncio e educar as palavras é um caminho.
O amor não é livre. Se o amor fosse livre ninguém amaria, pois o que é livre não é amado.
Bem, o que será ser livre?
O amor livre não é desejado porque o amor livre machuca. Se alguém deseja um amor livre está doente ou adoecido de suas emoções ou ainda não sabe o que é amor.
Ciúmes? Ah...
Eis ai, um problema.
Ciúmes, já dizia o poeta Rubem Alves, é a constatação de que o outro não é posse.
...e o amor livre?
Espelhos.
Olho de vidro.
Quando não estou bem na foto é porque o corpo não estava ajustado. Isto pode significar que eu tenho um corpo para a foto (pose) e um corpo que uso para o dia a dia. Ambos corpos são meus, mas qual o verdadeiro? Na foto, exibida via redes sociais, há sorrisos (...) quem sorrir? Eu ou a necessidade de expor que estou bem?
Quem persegue o que está fazendo o "errado", o faz pelo bem ou porque deseja errar também?
Nunca vi algo tão duro quanto o olhar denunciante de uma alma amarga. Não gozou a existência e a vida não lhe amou em nada.
O Psicanalista observa o paciente no Divã, mas quem está em análise é ele.