“Há gente cujos dentes
são espadas e facas, os seus maxilares, para devorar os humildes da Terra e os
pobres do meio dos Homens” (Pv 30 14).
“Falaram-me em Homens, em humanidade, mas eu nunca vi homens nem
vi humanidade. Vi vários homens assombrosamente diferentes entre si, cada um
separado do outro por um espaço sem homens”
(Alberto Caeiro)
Onde está “Humanidade”?
Entre uma festa e
outra, patrocinada pelos órgãos públicos, um corpo tomba sem vida.
Entre um
copo de “Cachaça” e outro, alguém está sangrando ao lado.
A morte, na esquina,
tem sede de sangue e o político corrupto, de Whisky.
As pessoas têm pressa
para ganhar dinheiro, não há tempo para perder: tempo é dinheiro e uma boa
parte delas gastam o dinheiro em medicamentos para curarem-se, muitas vezes,
dos males que fazem contra si mesmos.
...e outros reclamam de
doenças pulmonares sendo que parte da vida, foi dedicado ao consumo de cigarros
(...) onde estará o erro?
Nas ruas, os assaltantes
querem qualquer coisa – coisa qualquer que lhes livrem da fissura que
atormenta.
...e nas paradas de
ônibus as pessoas morrem.
...e o garoto que foi
lanchar no outro lado da rua, não volta mais para casa.
E a segurança Pública?
Segurança?
Boa pergunta.
Os Paletós, vestidos de
corpos, podem responder.
E o que dizer dos que
só querem levar vantagem? Pessoas que pensam apenas em seus ventres (...)
amantes de portas fáceis.
O mundo é dos mais
espertos! Mas lembrem-se, o Céu não é.
Ratos! Deixem os
sapatos! Dos Cidadãos civilizados (Titãs).
...e nas mansões dos
poderosos da Terra (...) piscina está cheia de ratos (Cazuza).
...e a criança, nos
semáforos, troca o carrinho de brinquedo, pelos carros reais em busca de uns
trocados.
...e a mãe chora a
perda dos filhos que foi executado pelo traficante que foi lhe cobrar a dívida
de droga.
Humanidade? Onde?
Quando?
Os homens são a Imagem
e Semelhança de Deus. A questão é: que deus?
Os jornais mostram um
mesmo quadro todos os dias, muda apenas as cores, as formas, os horários e
ninguém tem culpa.
...e o Diabo ri! A
ocasião faz o ladrão e o Diabo mora na porta da necessidade.
...e o amor custa
alguns favores.
“Gente cujos dentes são
espadas e facas”. Dizia o Sábio Salomão.
“...nunca vi nem homens
e nunca vi humanidade”. Dizia Alberto Caeiro.
E nós? O que dizemos?
Nossas respostas moram no silêncio e na revolta.
A oração sai exprimida.
...o choro engasga na garganta
e a esperança caminha como um camaleão mudando de cor, de gosto e de olhar.
Há uma desconfiança no
ar: será que vamos conseguir vencer? (Renato Russo).
...e até hoje ecoa a
pergunta do Salmista: de onde me virá o socorro?
A vida tornou-se banal,
sem valor: no mundo, quem não morre assassinado, morre de fome, de tristeza ou
na fila de algum hospital público.
Até quando?
Alguém sente saudades
do jardim?