quarta-feira, 22 de junho de 2016

Humanidade?



“Há gente cujos dentes são espadas e facas, os seus maxilares, para devorar os humildes da Terra e os pobres do meio dos Homens” (Pv 30 14).

Falaram-me em Homens, em humanidade, mas eu nunca vi homens nem vi humanidade. Vi vários homens assombrosamente diferentes entre si, cada um separado do outro por um espaço sem homens
(Alberto Caeiro)
Onde está “Humanidade”?

Entre uma festa e outra, patrocinada pelos órgãos públicos, um corpo tomba sem vida. 

Entre um copo de “Cachaça” e outro, alguém está sangrando ao lado.

A morte, na esquina, tem sede de sangue e o político corrupto, de Whisky.

As pessoas têm pressa para ganhar dinheiro, não há tempo para perder: tempo é dinheiro e uma boa parte delas gastam o dinheiro em medicamentos para curarem-se, muitas vezes, dos males que fazem contra si mesmos.

...e outros reclamam de doenças pulmonares sendo que parte da vida, foi dedicado ao consumo de cigarros (...) onde estará o erro?
Nas ruas, os assaltantes querem qualquer coisa – coisa qualquer que lhes livrem da fissura que atormenta.

...e nas paradas de ônibus as pessoas morrem.

...e o garoto que foi lanchar no outro lado da rua, não volta mais para casa.
E a segurança Pública? Segurança?
Boa pergunta.

Os Paletós, vestidos de corpos, podem responder.

E o que dizer dos que só querem levar vantagem? Pessoas que pensam apenas em seus ventres (...) amantes de portas fáceis.

O mundo é dos mais espertos! Mas lembrem-se, o Céu não é.
Ratos! Deixem os sapatos! Dos Cidadãos civilizados (Titãs).

...e nas mansões dos poderosos da Terra (...) piscina está cheia de ratos (Cazuza).

...e a criança, nos semáforos, troca o carrinho de brinquedo, pelos carros reais em busca de uns trocados.

...e a mãe chora a perda dos filhos que foi executado pelo traficante que foi lhe cobrar a dívida de droga.

Humanidade? Onde? Quando?

Os homens são a Imagem e Semelhança de Deus. A questão é: que deus?

Os jornais mostram um mesmo quadro todos os dias, muda apenas as cores, as formas, os horários e ninguém tem culpa.

...e o Diabo ri! A ocasião faz o ladrão e o Diabo mora na porta da necessidade.

...e o amor custa alguns favores.

“Gente cujos dentes são espadas e facas”. Dizia o Sábio Salomão.

“...nunca vi nem homens e nunca vi humanidade”. Dizia Alberto Caeiro.

E nós? O que dizemos? Nossas respostas moram no silêncio e na revolta.

A oração sai exprimida.

...o choro engasga na garganta e a esperança caminha como um camaleão mudando de cor, de gosto e de olhar.
Há uma desconfiança no ar: será que vamos conseguir vencer? (Renato Russo).

...e até hoje ecoa a pergunta do Salmista: de onde me virá o socorro?

A vida tornou-se banal, sem valor: no mundo, quem não morre assassinado, morre de fome, de tristeza ou na fila de algum hospital público.

Até quando?


Alguém sente saudades do jardim? 

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