sábado, 19 de setembro de 2020

A amizade no Contexto Filosófico

 


Sartre dizia que: "o inferno são os outros". mas Vinicius de Morais dizia que: "inferno é a ausência do outro".

Pura contradição. 

Tudo indica que para Sartre o outro era inferno quando tornava-se instrumento de perturbação, de agonia, de inquietação. Para Vinicius, o inferno era ausência do outro no sentido em que o encontro com o outro fosse produtivo e construísse amizades. O poeta Mário Quintana dizia que a amizade é um amor que nunca morre. Para a filosofia, a amizade pode nos ajudar a melhorar o endereço existencial, ou seja, a possibilidade que temos de melhorar as condições históricas de nossa existência. O momento histórico em que vivemos é muito propicio falarmos sobre amizades visto que vivemos num momento meio que cibernéticos onde a amizade relacional passou a ser a amizade virtual. A amizade como tema de discursão filosófica cabe bem na reflexão de Aristóteles que dizia: “A amizade pode ajudar os jovens a evitar o erro, auxilia os mais velhos na medida em que serão amparados em suas necessidades e os que estão em pleno vigor da idade”. Para Aristóteles, amigos são pessoas que andam juntas e por isso são mais capazes de pensar e agir juntas.

         O que torna a leitura desse tema tão significativo, a partir de Aristóteles são as três definições que ele apresenta sobre amizade. Para o filosofo Aristóteles o primeiro tipo de amizade é a amizade útil. São aqueles que fundamentam a amizade no interesse, amam-se por causa da utilidade que o outro tem. Este tipo de amizade ocorre principalmente entre os mais velhos. Segundo tipo de amizade é a amizade agradável. É justamente a amizade que produz conforto e faz bem, mas corre o risco de tornar-se interesseira. Terceiro tipo de amizade é a amizade ideal. É aquela que existe entre os homens que são bons e semelhantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um no outro de modo idêntico, e são bons em si mesmos. Uma amizade desta natureza requer tempo e prática. Um desejo de amizade pode até surgir depressa, porém a amizade não. Considerando os fatos expostos, pode-se dizer que a amizade é um conceito aplicável a todas as formas de relações sociais. Segundo Aristóteles a amizade é mais importante do que a justiça. Ele diz que: “Quando os homens são amigos não necessitam da justiça ao passo que mesmo os homens justos necessitam de amizades; e considera-se que a mais autêntica forma de justiça é uma espécie de amizade. Para Aristóteles, o sumo bem é a ideia de felicidade, e ela para ser alcançada, necessita da ajuda de amigos virtuosos. Diante disso tudo o fato é que se nós nos esforçarmos em nossos encontros, a tendência é que serão momentos, fortalecimento de laços e amizades e, além disso, construiremos pontes de relacionamentos saudáveis. Para que a amizade seja saudável é necessário que o outro que está chegando me edifique e assim eu também o edifique. Na opinião da filosofa Maria Lúcia de Arruda Aranha, “Talvez não seja muito fácil encontrar verdadeiros amigos. Mas quando o temos vale a pena cultivá-los”.

         O filosofo brasileiro Leonardo Boff diz que a estrutura central do ser humano não é a razão e sim o afeto. Partindo desse pressuposto, pode-se então perceber que a amizade ocupa um lugar de destaque, sendo um dos principais bens que são necessários para a boa sociabilidade. Portanto, a existência do nosso encontro com o outro é uma excelente oportunidade para que possamos cultivar esse que é um dos maiores  bens, nossa amizade.

 

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