sábado, 16 de março de 2024

Ter Mais - Um Ensaio sobre a Prosperidade.

 



A de se ponderar sobre o que vimos e ouvimos nos dias atuais. É preciso verificar as placas do caminho e analisar à que direção elas apontam: para aonde você está indo?

Há um grito ensurdecedor, nos dias atuais, que chega a ser agonizante de se ouvir: “tenha mais!”. Tenha mais o quê? Não importa o que seja, o grito é: “tenha mais!”.

Aqui não estou fazendo uma critica aos que desejam vencer nesta vida e conquistar seus objetivos, seus projetos ou suas metas, apenas faço algumas ponderações sobre o pensamento insano e portanto, patológico de sempre querer mais sem observar aquilo que já possui. O olho direito do “querer mais” pode cegar o olho esquerdo do que “já se possui”.

Você já parou para pensar no que já conseguiu? Já parou para pensar no que já conquistou? Você já olhou para elas? Já se enamorou delas? Já as acarinhou? Já desfrutou de verdade de cada conquista? Você já compartilhou cada conquista? Você já deixa-as crescer? Elas já possuem idade madura? Você já adquiriu a capacidade de partir para novas conquistas sem desprezar o que já conquistou? Você já parou para pensar que o que tem hoje você não tinha ontem e talvez não o terá amanhã?

O valioso é o que você possui hoje e não aquilo que você luta desesperadamente para ter. Ora, o que você não tem hoje, não tem, mas o que você tem hoje, tem. Por que desprezar o que já tem pela ansiedade do que ainda não tem?

A vontade de “ter mais” não é errada, mas a vontade de “ter mais” desprezando o que se tem, é ganância. Querer “ter mais”  desprezando o que se tem é falsear a vida. A vida não consiste no ter e nem apenas no ser, mas no se sentir realizado em que já foi conquistado.

Estamos sempre jogando na loteria sugerindo aquilo que nos fará completamente felizes, mas, não sei se você já percebeu: acertamos na loteria todos os dias e ainda não foi suficiente para sermos felizes.

Passamos parte da vida pensando no que “vem depois...”. Sempre vendo o próximo sorvete, o novo chocolate, o sapato novo, o carro do próximo ano, a dinheiro que vai chegar...

E o sorvete de hoje? Já desfrutou de olhinhos fechados? O chocolate, degustou cada pedacinho? O sapato que comprou ontem, aproveitou bem? O carro cuja a tinta está fresca, já lavou ele hoje?

Não estou falando de passividade na existência e você sabe disso: estou falando que “e depois” vem sempre “depois e não antes”.

Parece-nos que a vida boa é sempre aquela que ainda teremos: nada é tão enganador. A vida boa é a que temos. Quem lhe garante que a vida boa é aquela que está lá na frente? Quem lhe garante que haverá “lá na frente”? Tolices! Pensamentos tolos! A vida boa é aquela do café da manhã em família! A vida boa é proporcionar aos amores de sua vida o mesmo que você tem proporcionado à você mesmo (a).

A vida pobre é aquela que se baseia apenas no próprio sorriso. É o rico tolo: “Já tenho em abundância!”, gritava o homem louco da parábola proferida por Jesus.

Qual é a casa boa? A que você mora ou aquela que você ainda vai ter? Qual será o seu melhor sorriso? O que ainda você dará? Ora, o melhor sorriso não será aquele que cabe num instante?! No agora? Que vida é essa que nunca chega e os teus dias vão passando? Conquistou muito? Aproveita agora! Desfruta agora! Come agora! Olha o que você já tem. Não despreze o que já conquistou. Olhe ao seu redor, veja o que há (...) olhe nos olhos das pessoas que você ama pois pode ser o último olhar! Abrace-os e se puder, proporcione à essas pessoas a maior alegria que você puder! Depois recolha-se, planeje e siga avante! Conquiste mais! Mas nunca esqueça do que já conquistou.

Imaginar a felicidade não é ser feliz.

Ser feliz é descongelar a vida e doar-se! É servir de água para quem tem sede! É servir de casa para quem mora na rua! É servir de transporte para quem anda a pés!

A felicidade fora desse parâmetro é inútil! É sepultura do Ego!

O que você tem hoje?! Quem você tem hoje? O que te é mais caro? O que te traz alegria nem que seja naquele instante frágil! Efêmero! E absurdamente mínimo? Não estou falando de “conformismo” e você sabe disso (...) não tente manipular minhas letras. Não sou conformado com o que tenho: amo o que tenho. Entende? Desfruto o que tenho. Simplesmente acarinho o que tenho. É bom.

Essa geração (que fique registrado) é a geração da busca desenfreada pelo “mais”. É a geração da busca enlouquecida pela felicidade a qualquer custo! Schopenhauer, filosofo alemão, dizia que a melhor forma de não ser infeliz é não viver assim, loucamente em busca da felicidade. Fernando Pessoa, o poeta, dizia que é cansativo “viver feliz sempre”.

Olhe o que você tem.

Não se perca no que ainda não tem.

Não perca o que tem pelo que ainda não tem.

Esquenta a tua cama. Abraça os teus que um dia não mais os abraçarás! Ter mais sem isso, é ter sempre menos mesmo que tenha sempre mais.

Desperta a tua consciência. Atenha-se a realidade que te cerca. O tempo está fugindo e as lágrimas amanhã serão inúteis!

Antes de seguir adiante, pare.

Avançar o sinal pode provocar acidentes.

Escute o som do vento.

 

 

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