“Depois, o Senhor Deus
plantou um jardim no Éden, ao Oriente e ali pôs o Homem que havia formado (...)
e o Senhor Deus o mandou para fora do jardim de Éden afim de cultivar o solo de
onde fora tirado”.
(Trechos dos
textos do Genesis 1-3)
Estava aqui pensando: o
olhar estético do Homem no Jardim do Éden era mais apurado, sem mistura e com
ausência de paralelos. Qual o conceito de beleza que o Homem tinha das coisas
ao seu redor? Beleza plena – seu olhar não tinha ainda sido manchado, embaçado
pelo desvio básico de sua essência. Os animais receberam nomes, as plantas, as
árvores – tudo ao seu redor era cercado por beleza plena. O olhar do Homem era
puro sem bifurcações.
No entanto, por causa
de sua desobediência, o Homem foi posto fora do jardim – ele perde a
convivência com o que é belo e a pureza de seu olhar. Agora, o Homem terá que
conviver com o belo e com o trágico. A partir desse acontecimento, o homem terá
que distinguir entre o belo e o feio, o bom e o ruim, o bem e o mal – o mundo
tentará enganá-lo e ele terá que conviver com o contrário.
Herdamos isto – até hoje
é assim. O Homem chega a pós-modernidade extremamente cansado do sucesso. Um
passo de avanços e longas passadas de retrocessos. O que é belo? A maquiagem,
as plásticas e os inúmeros adereços não permitem dizer. O que é real? O que é
ilusório? Como diferenciar um belo rosto? Qual a associação entre o belo e o
caráter? Qual o mais belo? O caráter ou a beleza corporal? Como as mulheres definem
isso? Como os Homens definem isso?
O olhar do Homem tem
sido roubado – observem a Televisão. Em instante, os jornais mostram uma
realidade nua e crua e em poucos instantes, entra a propaganda oferecendo um
caminho de felicidade superficial. De um lado, mostra-se a miséria, a fome, o
crime e o sangue mau sairam da tela, já entra o comercial oferecendo um pacote turístico
para um lugar tranquilo. Nos jornais, uma fila de desempregados e logo após, a
propaganda oferece o lançamento do carro Y de última geração.
O que é real? O que é
ilusório? Os jornais nos colocam na realidade ou pelo menos, naquele pedaço de
realidade que eles nos doam e no mesmo instante, a propaganda trata de nos
alienar-nos. Observem: tudo acontece ligeiramente como em um passe de mágica! É
incrível! O cadáver mau saiu da tela da TV e rápido como um relâmpago, surge o
redutor de Celulite.
O que é belo? O que é
feio? O que é verdade? O que é mentira?
No Jardim, o Homem
ficava estático, perplexo com tanta beleza pura, sem mistura – sem bifurcações.
No mundo pós-moderno, o homem fica hipnotizado diante da TV sendo docilmente imbecilizado
pelo ídolo de mercado.
Onde chegamos.
A vida acontece no
intervalo entre o belo e o feio – o que é belo? O que é feio?
No Jardim, o Homem deu
nomes aos animais – na pós-modernidade, o Homem é chamado por nome de animais.
No Jardim o Homem era livre em sua liberdade – na pós-modernidade, o Homem é
preso em sua liberdade. No Jardim, o Homem comia do fruto do seu trabalho – na pós-modernidade,
o Homem come do suor do seu rosto. No Jardim, tudo era belo – na pós-modernidade,
os homens têm que tornar as coisas belas por meios superficiais e paliativos.
Estamos avançando ou
retrocedendo?
No jardim havia vida
com valores – na pós-modernidade há os valores subjetivos de cada vida.
A pós-modernidade saúda
o consumismo, o sincretismo e o prazer e despreza a economia, A falta de saúde
e a miséria que se instala gradativamente no mundo.
O que é belo? O que é
feio?
No jardim, havia cheiro
de comunhão – na pós-modernidade há um odor de individualismo crônico.
O que é belo? O que é
feio?
As redes sociais servem
como termômetro? Aquela foto que possui Mil curtidas, refletem a realidade de
quem ali estar? Ou aquela postagem serve apenas para acariciar o Ego ou para
mascará uma lágrima necessitando de cura? Será que não precisamos de algo mais?
Será que não precisamos de um Jardim?
O que é belo? O que é
feio?