terça-feira, 9 de agosto de 2016

Do Éden à Pós-Modernidade



“Depois, o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, ao Oriente e ali pôs o Homem que havia formado (...) e o Senhor Deus o mandou para fora do jardim de Éden afim de cultivar o solo de onde fora tirado”.

(Trechos dos textos do Genesis 1-3)

Estava aqui pensando: o olhar estético do Homem no Jardim do Éden era mais apurado, sem mistura e com ausência de paralelos. Qual o conceito de beleza que o Homem tinha das coisas ao seu redor? Beleza plena – seu olhar não tinha ainda sido manchado, embaçado pelo desvio básico de sua essência. Os animais receberam nomes, as plantas, as árvores – tudo ao seu redor era cercado por beleza plena. O olhar do Homem era puro sem bifurcações.

No entanto, por causa de sua desobediência, o Homem foi posto fora do jardim – ele perde a convivência com o que é belo e a pureza de seu olhar. Agora, o Homem terá que conviver com o belo e com o trágico. A partir desse acontecimento, o homem terá que distinguir entre o belo e o feio, o bom e o ruim, o bem e o mal – o mundo tentará enganá-lo e ele terá que conviver com o contrário.

Herdamos isto – até hoje é assim. O Homem chega a pós-modernidade extremamente cansado do sucesso. Um passo de avanços e longas passadas de retrocessos. O que é belo? A maquiagem, as plásticas e os inúmeros adereços não permitem dizer. O que é real? O que é ilusório? Como diferenciar um belo rosto? Qual a associação entre o belo e o caráter? Qual o mais belo? O caráter ou a beleza corporal? Como as mulheres definem isso? Como os Homens definem isso?

O olhar do Homem tem sido roubado – observem a Televisão. Em instante, os jornais mostram uma realidade nua e crua e em poucos instantes, entra a propaganda oferecendo um caminho de felicidade superficial. De um lado, mostra-se a miséria, a fome, o crime e o sangue mau sairam da tela, já entra o comercial oferecendo um pacote turístico para um lugar tranquilo. Nos jornais, uma fila de desempregados e logo após, a propaganda oferece o lançamento do carro Y de última geração.

O que é real? O que é ilusório? Os jornais nos colocam na realidade ou pelo menos, naquele pedaço de realidade que eles nos doam e no mesmo instante, a propaganda trata de nos alienar-nos. Observem: tudo acontece ligeiramente como em um passe de mágica! É incrível! O cadáver mau saiu da tela da TV e rápido como um relâmpago, surge o redutor de Celulite.

O que é belo? O que é feio? O que é verdade? O que é mentira?

No Jardim, o Homem ficava estático, perplexo com tanta beleza pura, sem mistura – sem bifurcações. No mundo pós-moderno, o homem fica hipnotizado diante da TV sendo docilmente imbecilizado pelo ídolo de mercado.

Onde chegamos.

A vida acontece no intervalo entre o belo e o feio – o que é belo? O que é feio?

No Jardim, o Homem deu nomes aos animais – na pós-modernidade, o Homem é chamado por nome de animais. No Jardim o Homem era livre em sua liberdade – na pós-modernidade, o Homem é preso em sua liberdade. No Jardim, o Homem comia do fruto do seu trabalho – na pós-modernidade, o Homem come do suor do seu rosto. No Jardim, tudo era belo – na pós-modernidade, os homens têm que tornar as coisas belas por meios superficiais e paliativos.

Estamos avançando ou retrocedendo?

No jardim havia vida com valores – na pós-modernidade há os valores subjetivos de cada vida.

A pós-modernidade saúda o consumismo, o sincretismo e o prazer e despreza a economia, A falta de saúde e a miséria que se instala gradativamente no mundo.

O que é belo? O que é feio?

No jardim, havia cheiro de comunhão – na pós-modernidade há um odor de individualismo crônico.

O que é belo? O que é feio?

As redes sociais servem como termômetro? Aquela foto que possui Mil curtidas, refletem a realidade de quem ali estar? Ou aquela postagem serve apenas para acariciar o Ego ou para mascará uma lágrima necessitando de cura? Será que não precisamos de algo mais? Será que não precisamos de um Jardim?

O que é belo? O que é feio?





Um comentário:

Pra. Mirlene Soares disse...

Só, despidos do velho homem e revestido do Novo, recuperaremos a dracma da sensibilidade, de se viver novamente em um jardim.