domingo, 1 de agosto de 2021

Gestão, Alta Performance e Auto Performance.

 


Aplica à disciplina o teu coração e os teus ouvidos, às palavras do conhecimento.

Prov. 23.12

Em períodos de jogos olímpicos o que mais vemos e ouvimos são expressões do nosso cotidiano super potencializados. Nesses períodos, constantemente ouvimos as palavras gestão, alta performance, e auto performance. Os atletas e as atletas têm picos de adrenalina altíssimos!

Observemos a expressão corporal.

Olhos fixos, rosto sisudo, respiração disciplinada, gestos corporais na tentativa de distensão e uma intermitente eletricidade que passa pelo corpo.

Por trás de uma medalha, por trás de uma conquista – chegar requer todo um trabalho disciplinar, organizacionalmente preparado com antecedência. Tal trabalho requer gestão, alta performance e auto performance. Sim, alta performance e auto performance não são a mesma coisa, embora caminhe de mãos dadas. Aliás, diga-se de passagem: se quisermos chegar em algum lugar, saiba, gestão, alta performance e auto performance andarão de mãos dadas sempre!

A existência é assim.

Quem está em busca de algo a mais, vai se deparar com esses termos, mais cedo ou mais tarde.

Mas então, qual a diferença entre gestão, alta performance e auto performance?  É bom iniciarmos por aqui porque é importante estabelecer os limites entre cada termo. Conceituar os termos diferenciando-os em suas semelhanças, é fundamental para sabermos de fato e de verdade sobre o que estamos falando. Não misture os termos, não os confunda quando não for possível Con-fundí-los. As vezes certos termos podem ser confundidos e por isso, não podemos con-fundí-los. Portanto vamos ver cada termo e depois seguirmos em direção a nossa proposta de reflexão.

GESTÃO.

Quando falamos de gestão, estamos falando de gerir, de administrar, de conduzir. Gestor ou gestora é quem conduz, quem administra, quem toma a direção. Na gestão pessoal quem conduz seus planos? Como esses planos são conduzidos? Por aonde ir e como chegar? Planejamento e estratégia disciplinar, são fatores preponderantes dentro da gestão. A importância da gestão está justamente na aplicação de políticas de conduta, nas relações interpessoais e em todo planejamento.

Quando falamos de gestão, devemos lembrar que ela pode ser dividida em várias áreas: gestão de pessoas, gestão de empresas ou algo semelhante a estes exemplos. No entanto, aqui estou falando necessariamente da gestão pessoal, ou seja, da gestão onde quem vai gerir você, inicialmente falando, é você mesmo. Todo gestor, toda gestora têm que gestar-se. Aqui, importa dizer que, o Ser que habita em você é você e, portanto, você é responsável por você mesmo (a) e qualquer iniciativa partirá, inicialmente de você. É você em progresso, é você no e a caminho. Gestão é assumir responsabilidades, e quem não se assume, não assume mais nada nesta vida. Entende? Conduza-se para depois conduzir o que quer que seja. Se gestão é, grosso modo, a arte de administrar, então, administre-se. É sobre isso que estou falando: gestão pessoal.

 Portanto, inicialmente falando, conduza-se, administre-se, planeje-se. Encontre-se, decida-se – olhe. Amplie o olhar.

Olhando a gestão pessoal por esse ângulo, logo percebemos que Gestão é movimento – acontece enquanto caminhamos. Talvez, a palavra mais bem colocada aqui seja, prontidão. Gestão exige prontidão. Prontidão no sentido não de se estar pronto sempre, mas no sentido de, quando se precisar dar os passos necessários, eles estarão a postos. O gestor não é perfeito, o trabalho dele nem sempre ou quase sempre não é feito com perfeição, mas não é a perfeição que ele deve buscar. O Bom gestor ou gestora busca a excelência. Veja um pouco mais além do que normalmente ver. Acredite nisso e acredite, isto no final vai fazer uma diferença exorbitante. 

ALTA PERFORMANCE.

A alta performance está ligada a produtividade. A pessoa que está em alta performance, está em progresso, avançando em direção à uma meta. É o atleta que se preparou para a corrida, o lutador que se preparou para a luta, o bom profissional que se preparou para o mercado de trabalho que se propôs. Prepara-ação.

Atitudes de alta performance requer motivação, alegria, entusiasmo e determinação. Pessoas em alta performance não titubeiam, não andam em estradas bifurcadas – são destinadas, ou seja, possuem origem e sabem aonde e onde querem chegar. Isto não significa que são perfeitas, imune a erros ou a fadigas, pelo contrário – o cansaço é o resultado de quem tentativa.

AUTO PERFORMANCE.

A auto performance não tem ligação direta com a meta, mas mira-se nela. A auto performance está ligado diretamente ao interior da pessoa. Tem a ver com suas motivações, seus desejos crivados sob a razão.  Que promoverá um resultado satisfatório no final.

Enquanto a alta performance mira na produtividade, a auto performance mira no interior do indivíduo. Enquanto a alta performance foca no resultado, a alta performance mira no ser que irá caminhar em direção à essa produtividade.

Assim temos: uma gestão em curso, um ser em alta performance que precisa trabalhar a sua auto performance. Parece complexo? Espero que seja. A vida é complexa e cheia de complexidade. Nem sempre as coisas são o que são, as vezes elas apenas aparentam ser.

Aqui, no campo da auto performance a exigência pode ser alta e comprometedora. Cuidado aqui (...) apenas o que for possível. Então, descubra e siga. No entanto, diante da gestão pessoal, da alta performance e da alta performance, há o medo de Não-Ser.


quarta-feira, 28 de julho de 2021

A Importância da Psicologia no ambiente Cristão - A Questão do Clero

 


Como o Clero é um conjunto de homens que ocupam posição superior numa religião e no caso, da igreja cristã evangélica, quem ocupa essa posição são em geral os pastores e presbíteros, iremos nos manter ligada a importância da psicologia na vida pastoral.

A vida pastoral é revestida de muita responsabilidade e seriedade. Talvez por causa disso o ministério pastoral seja um ministério que lida com tensões e cobranças quase que o tempo todo. A responsabilidade de sempre ter uma palavra, um sermão, um aconselhamento correto, uma oração para fazer em forma de intercessão, um abraço forte, uma palavra de incentivo (...). Através dessa pequena lista já é possível imaginar o quanto é tenso o ministério pastoral. Por isso a psicologia ao ser colocada a serviço tanto do ministério pastoral para auxiliar o próprio pastor quanto para auxiliar o desenvolvimento do seu próprio ministério, constitui-se numa ferramenta de ajuda indispensável. Citarei algumas tensões as quais o pastor é submetido.

1.       O Endeusamento do Pastor. Essa se constitui em uma tensão absurda! Mas ela é real. O fato é que muitos dentre da igreja, por algum tipo de carência acaba transferindo para o pastor certas necessidades que apenas Deus pode supri-las. Até esse momento da relação entre membro e pastor é possível manter certo controle da situação. No entanto o problema é quando o pastor tentar de alguma forma encarnar esse deus que as pessoas tanto buscam nele. Neste ponto a tragédia bate a porta. Aqui o pastor terá que fazer uma opção: ou ele assume essa posição de deus e alimenta o desejo-transferência da igreja e fica de bem com todos ou ele não assume isso e compra briga com algumas pessoas que ainda não cresceram na fé. A psicologia entra aqui, justamente neste intervalo. Ela fará com que o pastor analise o comportamento das pessoas e o que estão levando-as a fazerem tal transferência. Mas também o próprio pastor terá a oportunidade de fazer a sua própria análise ou se preferir ser analisado com o intuito de saber a que lado ele está mais propenso.

2.       O Mau Uso do Poder. Esse é outro ponto de tensão para o pastor. A posição pastoral é uma posição, digamos poderosa, mas poderosa no sentido de lhe conferir autoridade. Aqui a tensão é grande visto que confundir autoridade com autoritarismo é bem frequente. O poder pode ser de qualquer pessoa, mas não é qualquer pessoa que sabe lidar com o poder. Muitos pastores se perdem facilmente neste imenso campo de batalha. É preciso se olhar quando se tem poder. É preciso saber o que se passa por dentro de si quando se tem poder. É preciso, é preciso. O mau uso do poder pode desencadear situações constrangedoras e destrutivas porque o mau uso do poder pode transformar uma simples pessoa em um tirano. A história esta diante de nós e pode nos fornecer vários exemplos: Hitler, Mussolini, Saddam Hussein, Ossama Bin Laden e outros que estão em algum lugar deste planeta fazendo suas maquinações satânicas. Esses são os mais conhecidos da humanidade, mas no meio eclesiástico também existem alguns que possuem pouca habilidade com o poder e acabam criando guerras interiores em seus ministérios e congregações. A psicologia está a serviço de tais pessoas para que elas façam uma autoanálise de seus atos, pensamentos e ideais colocando tudo sob o crivo da Escritura Sagrada que é a Palavra de Deus. Com o poder não se brinca, se trabalha em prol de uma vida sadia para o povo.

É importante salientar que não existem regras mágicas ou soluções mágicas para resolver certas tensões. O que acredito que possa existir na verdade, são precauções que o candidato a pastor ou Pastor já em exercício pode tomar. Por exemplo.

 

1.       Antes de assumir uma posição pastoral observe quais são as suas motivações.

2.       Antes de assumir uma posição pastoral verifique a sua linha de pensamento e o seu campo de atuação dentro do ministério pastoral.

3.       Antes de assumir uma posição pastoral observe como lidar com posições que envolve Poder.

4.       Se for assumir uma posição pastoral, saiba que vais passar por pressões e tensões. Vai assim mesmo?

5.       Observe se a sua vocação é mesmo pastoral.

 

Acredito que essas precauções poderão ajudar bastante à vida do futuro pastor ou do já pastor que está pastoreando.

Como podemos ver, não faltam razões para defender a importância da psicologia para o meio cristão. A questão não é estar a favor da psicologia e contra a fé e nem vice e versa. Defender a importância da psicologia para a igreja é uma questão de saúde emocional e bem estar espiritual. É possível conciliar as duas coisas sem anulá-las.


A Psicologia e sua Importância Para o ambiente Cristão

 

Como já sabemos empírica e cientificamente falando, o ser humano é uma complexidade de sentimentos, de ações, pensamentos e reações. Há uma busca constante de autoafirmação daquilo que se é. Mas o que se é? Como se é? É preciso fazer uma leitura do ser humano e suas complexidades, mas fazê-la de uma forma sistemática e pesquisadora.

Em um período de tantas perdas, guerras e luta pela sobrevivência é claro que o interior humano vai se desgastando e isso sugere que ele seja acompanhado e ouvido para que suas feridas, traumas e dores possam ser ao longo do tempo, sanadas. Para isso é que a psicologia como instrumento terapêutico serve: para auxiliar o ser humano tanto nas buscas de si mesmo, quanto nas interrogações e problemas emocionais.

No entanto a psicologia é um campo vastíssimo e vamos aqui falar um pouco o que é psicologia, de sua importância para a igreja cristã e para o meio eclesiástico e Clerical.

Todo assunto a ser abordado como objeto de estudo ou de pesquisa, deve antes de qualquer outra coisa, ser definido.

 A psicologia, nosso objeto de reflexão é uma área de atuação e de pesquisa que estuda o comportamento humano. Enquanto ciência, a psicologia se interessa em compreender o ser humano em sua totalidade, em sua relação com o mundo, a sociedade como como a si mesmo. Por isso os profissionais que trabalham nessa área tentam explicar as várias formas de agir do ser humano: seus pensamentos, comportamentos e emoções são observados visando entender e compreender certas atitudes. Como o ser humano é essa complexidade de sentimentos e pensamentos, a psicologia atua na área de detectar possíveis problemas emocionais ou mentais que estejam prejudicando o andamento da vida normal de uma pessoa.

É importante enfatizar que qualquer pessoa esta sujeito a passar por dificuldades emocionais e enfrentar algum tipo de distúrbio. Digo isso porque em minha concepção “todos” são “todos”. Inclusive pessoas que são adeptos de religiões e no caso aqui especifico as pessoas que congregam em igrejas cristãs. As igrejas tem tido um crescimento considerável no Brasil e todo crescimento populacional, traz também seus problemas. É neste aspecto que a psicologia vai mostrar a sua importância.

Há diversos artigos que apregoam em alto e bom som que psicologia e igreja são antagônicas e por consequências inconciliáveis. No entanto diante de tal declaração podemos medir o grau de ignorância que algumas pessoas possuem por não tratar o assunto de um modo geral, mas simplesmente especifico.

Quando observamos algumas ferramentas utilizadas pela psicologia para o tratamento de algumas doenças emocionais, percebemos que elas podem ser aplicadas a igreja sem dano algum, claro, colocando tais ferramentas a disposição de uma boa reflexão bíblica. Assim sendo creio que a psicologia é importante para a igreja nos seguintes aspectos.

1.       No Sentimento de Culpa. Várias pessoas chegam à igreja e estão na igreja envolvidas com sentimento de culpa e isso acontece porque nesta estrada da vida se comete muitos erros, anda-se por várias estradas cuja terra é cheia de pedras pontiagudas. Feridas, essas pessoas se dirigem a igreja que a principio, é o instrumento de Deus para socorrê-las ajuda-las e restaurá-las. Aqui as pessoas podem se utilizar da psicologia para tentar entender que tipo de culpa essa pessoa carrega. Nessa abordagem a preocupação básica de quem recebe na igreja, uma pessoa com sentimento de culpa deve ter em mente em sua abordagem o que a pessoa fez e o que a levou a fazer. Se ela tem um sentimento de culpa é porque provavelmente fez alguma coisa que, ou sua consciência, ou a sociedade, ou a família, ou alguém dita como errado. Assim sendo é importante diferenciar os tipos de sentimento de culpa.

 

·         Culpa real.

·         Culpa neurótica.

·         Culpa existencial.

O primeiro a aparecer na lista é o sentimento de culpa real e este sentimento existe porque a própria consciência em conjunto com a comunidade testificam que realmente houve um erro ou como é de comum em comunidades cristãs, houve pecado. A Culpa real vem, não de um sentimento duvidoso de culpa, mas de um sentimento real de culpa. Vem de uma culpa real. Ou seja, aconteceu de fato.

O segundo a aparecer na lista é o sentimento de culpa neurótica e esse sentimento não vem por um sentimento objetivo de culpa como acontece na culpa real, mas ele aparece como sentimento subjetivo de culpa. O sujeito sofre com a culpa porque acredita plenamente que é culpado quando toda comunidade ao seu redor diz o contrário. A culpa neurótica vem caminhando pela estrada do mundo imaginário, ou seja, essa culpa só existe na imaginação do sujeito.

O terceiro a aparecer na lista é a culpa existencial e tudo indica que, a culpa existencial é produzida normalmente em cada ser humano. Este ser humano possui uma culpa existencial encravada no seu ser que o deixa sentindo-se quebrado, meio metade e assim se sentindo, sai em busca de se encontrar inteiro. Neste momento entra a igreja e apresenta Jesus que, através do Espírito Santo vai trabalhar esse ser humano até que ele chegue à estatura de varão perfeito.

Em uma análise detalhada de cada sentimento exposto acima, logo entenderemos que esse tipo de sentimento é comum em nossa sociedade e também nas igrejas cristãs. O que a igreja precisa realmente é saber como lidar com cada um deles para que as pessoas que procuram refúgio e auxilio possam encontra-los.

2.       O sentimento de inferioridade. Esse é outro tipo de sentimento comum tanto na sociedade secular quanto nas comunidades cristãs e os motivos que levam a desencadear tais sentimentos também são vários. Às vezes tal sentimento desenvolve-se durante a adolescência, às vezes vem do tempo de criança e ainda às vezes ocorre na fase adulta, depende muito do momento em que a pessoa esteja passando ou enfrentando. O trabalho do psicólogo tendo como instrumento as ferramentas adequadas da psicologia e o conhecimento da Escritura Sagrada é diagnosticar o que está causando tal sentimento de “ser” inferior. É assim que uma pessoa se sente quando nela se desenvolve esse sentimento: “ser” inferior. O que muitas vezes lamento é que no mundo eclesiástico as pessoas relegam um sentimento de inferioridade a apenas uma ação diabólica. Por exemplo: quando alguém aparece na igreja com sentimento de inferioridade, tratam logo em dizer: “Isso é coisa do Diabo!”. E creio que em uma determinada esfera de ação o Diabo se aproveite do momento, mas não creio que toda ação é patrocinada por ele. Há pessoas que se sentem inferiores a outros por não ter conseguido realizar um sonho ou coisas semelhantes. No entanto ela nutriu esse sonho a cada dia. Existe uma poesia de Fernando Pessoa que fala um pouco sobre isso: “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. A parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. (Poemas de Álvaro Campos: obra poética/Fernando Pessoa; organização, introdução e notas Jane Tutikian – Porto alegre, RS: L&M, 2008 p. 160). O texto fala por si, não carece de interpretação. O fato é que todos nós somos sujeitos a transitar nesta via de variações psicológicas. Por isso a igreja dispõe da psicologia como instrumento para auxiliar o processo de cura das doenças emocionais.

3.    O sentimento de baixa estima alta. Aqui está a soma dos dois sentimentos citados acima. A baixa autoestima tem levado muitas pessoas ao ostracismo e depressão. Esse é o tipo do sentimento que agrega em si todo sentimento de in-potencialidade. É a sensação de não ter forças, de não ter pique, de faltar às pernas na hora da corrida. A alta-baixa-estima tem influência direta na vida cotidiana do individuo e pode alterar todas as expectativas a respeito de qualquer coisa. Pode não parecer, mas a igreja está cheia de gente assim. São membros, obreiros e até pastores que se encontram nessa situação, mas claro, não deixam transparecer porque, afinal de contas, o que vão dizer de um cristão com alta-estima-baixa? É justamente desse ostracismo, dessa hibernação, desse casulo que vão nascer às doenças emocionais. O agravamento dessas doenças não vem da doença em si, mas da negação da doença, ou seja, quanto mais eu nego que estou doente mais doente eu fico porque nego. Daí nasce aquela velha dor existencial que tem haver com o modo de como você se vê e vê o mundo ao seu redor. A projeção do olhar vai criando o universo aonde você transita. Certa vez Jesus disse: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus todo o teu corpo estará em trevas” (Lc. 11.34). É no olhar a si e as coisas que os sentimentos brotam. Cristo nos deu essa dica para pratica diária. Façamos assim então.