quinta-feira, 25 de março de 2021

A Oração como ato Teológico

 


E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza. E orei ao Senhor meu Deus, e confessei (...) Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio, voando rapidamente, e tocou-me, à hora do sacrifício da tarde. Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido.

Dn 9. 3,4-2122

A oração é um diálogo, e não um monólogo do homem diante de Deus.
Hans Von Balthasar

Uma vez que o ser humano é folego, então a oração consiste, dentre outras coisas, de respirar. A oração é silencio e voz: silencio para ouvir e a voz no ato de falar. Oramos porque somos convidados a oração: jamais falaríamos com Deus se Ele não falasse conosco antes. É Deus quem nos move à oração (...) entramos em sua companhia em oração, não em sua presença: da presença de Deus, seja em qualquer circunstancia, nunca saímos.

Contudo, é importante dizer que a oração é um ato teológico, sim, sem sombra de duvidas. A Teologia não cria nada novo, no sentido expresso no texto bíblico. A teologia se debruça sobre a revelação de Deus contida nas Escrituras. Segundo Karl Rahner, "teologia é a ciência da Fé. É a explanação e a explicação consciente e metódica da revelação Divina, recebida e compreendida pela Fé". 

Por isso e pelo texto acima, digo: a oração é um ato teológico.

Daniel dirigiu seu rosto ao Senhor (...)
A oração possui uma direção.
A oração precisa ser orientada.

Daniel dirigiu o seu rosto ao Senhor em oração.
O resultado da oração de Daniel foi que o anjo Gabriel desceu para "Instruí-lo e fazê-lo entender o sentido". 

Daniel queria compreender as visões e revelações que havia recebido ou seja, ele estava meditando, se debruçando sobre a revelação que receberá (ato teológico) de forma continua tentando absolver tudo que transitava em sua mente e em seu coração.

As respostas estão em Deus. O Senhor é quem revela o mistério oculto em suas revelações. Ele é o Senhor das coisas misteriosas - nele está a luz que clarifica o que está escuro.

Orar é diálogo, já dizia Hans Von Balthasar.

É um diálogo porque na oração não existe apenas um "eu", mas também um "tu".

Orar é investir tempo na comunhão, é caminho de conhecimento que gera sabedoria que dará, sem duvidas, luz a filhos prudentes. 

Um rio corre para o mar.
Um ser em oração, corre para Deus.

Quando orarmos, além de estarmos em plena comunhão com Deus, estamos dentro de um processo teológico ou seja, estamos tentando compreender em Deus, o que está acontecendo. 

O tempo em que vivemos, dentro da perspectiva da espiritualidade, entenda, falo de espiritualidade e não de espiritualismo - bom, dentro desta perspectiva de espiritualidade, vivemos tempos de pura reflexão teológica. Sim! Não tenho a menor dúvida. Nada, absolutamente nada foge ao olhar de Deus. É impossível Deus perder o controle de tudo uma vez em que Ele vive de eternidade a eternidade.
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Tempos de reflexão teológica.
Tempos de dirigirmos o rosto à Deus em oração.
Tempos de acalmar os ânimos e o coração, esperando que Ele graciosamente nos conceda o discernimento para a compreensão do tempo presente.

Orar.
Precisamos dirigir o rosto para Deus.
A sociedade precisa dirigir o rosto para Deus.

O planeta precisa dirigir o rosto para Deus.






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