quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Culto, Adoração e o Deus Nosso de Cada Dia






"Os céus proclamam a Glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.
Um dia discursa a outro dia e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há
linguagem, nem há palavras e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda terra
se faz ouvir a sua voz e as suas palavras até aos confins do mundo. Ai pôs uma tenda para
o Sol" (Salmo 19.1-4).

"Foi Deus quem fez os céus, o rancho das estrelas, fez também o seresteiro para conversar com elas. Fez a lua que prateia minha estrada de sorrisos (...) Foi Deus quem fez você...". (Luis Ramalho)

Outro dia me perguntaram sobre como vejo o culto e adoração: sinceramente na hora não soube ao certo como responder. Há tantas formas de se oferecer um culto à Deus e há tantas formas dele receber o culto que´lhe é oferecido que não me sinto nem um pouco a vontade para delimitar onde ou não ir no que diz respeito a culto e a adoração. Particularmente vejo um vislumbre disso quando leio o livro dos Salmos, que como escreveu certa vez o Caio Fábio, é a psicanálise dos fatos e da história.

Gosto do livro dos Salmos pelo simples fato dele ter sido escrito por homens, seres humanos sujeitos as mesmas dificuldades, conflitos e dilemas que às vezes passamos. Gost de ler alguns Salmos de Davi que falam de suas experiências com Deus: suas vitórias, derrotas, seus livramentos, suas doenças e suas curas.

Este pequeno trecho do Salmo 19, que é um Salmo de Davi, fala um pouco dessa forma de cultar completamente diferente que não cabe nenhum tipo de comparação com os cultos das nossas igrejas. Quando falo de "comparação", falo no nivel liturgico. Quando li esse Salmo de uma vez anterior, simplesmente parei, sentei, coloquei minha mão no queixo e fiquei pensando no momento em que ele foi escrito por Davi. Fiquei imaginando a cena.

Em um belo dia ou uma bela noite ou ainda num belo fim de tarde, não sei ao certo, Davi estava provavelmente estava andando, fazendo a sua caminhada de todos os dias e de repente, observa os céus e entra num momento seu, particular. Ele deixa o que esta vendo, correr pelos seus olhos de uma ponta à outra. Davi, no silencioso mundo do seu próprio interior, começa a oferecer um culto à Deus: nada programado, nada planejado (...) sem pautas, sem liturgias, sem primeiro isso ou primeiro aquilo. Perplexidade, beleza, poesia e cântico silenciosamente habitavam aquele espaço. Primeiro ele contempla para depois falar. Não há culto sem contemplação da beleza daquele que esta sendo cultuado. Davi começa a ver na criação, traços do Criador. Ele faz dos céus que esta sobre a sua própria cabeça, o templo para adorar à Deus. O templo naquele momento, para Davi, era os Céus! O discurso daquele culto, para Davi, era um dia que discursava à outro dia e uma noite revelava conhecimento a outra noite e não havia linguagem, nem palavras, nem sons (...) no entanto, ouvia-se a Voz do Senhor por toda terra. Como ouvir voz sem sons? Como ouvir a voz no silencio? Culto. O que Davi estava prestando à Deus naquele momento era um culto e o que ele estava fazendo naquele momento era adorando a Deus.

Para Davi, a vida era cúltica. Às vezes, para nós o culto acontece apenas na congregação.

Não estou dizendo que não se pode adorar na congregação e não estou dizendo que não se pode cultuar na congregação. Estou dizendo que o culto e a adoração pode ser dimencionalizada para as 24h do dia.

Já ouvi alguém dizer: "Faz tempo que não vejo você no culto". É, talvez o culto que o outro oferece à Deus seja para ser visto apenas por Ele, não é? As pessoas pensam que só se cultua no templo. Logo, quando não veem os irmãos no templo, já chegam afirmando que não os vê no culto. Acredto que ele quer dizer que faz tempo que não o vê na igreja. Bom, dai em diante vem as conjecturações.

O que quero dizer na verdade é que o culto, seja no templo, seja debaixo da tendo do Céu, seja debaixo de uma árvore, seja dentro de casa, seja durante a caminhada, seja no monte, seja no vale (...) onde quer que seja, ele precisa ser em primeiro lugar, a vida. Ofereça à Deus a sua vida cúltica e não apenas o seu momento cúltico.

Estou tentando praticar isso.

Você vem comigo?







J.R.S

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